Quatro séculos depois de o astrônomo italiano Galileo Galilei observar, pela primeira vez, o planeta Júpiter e suas maiores luas, a missão Juice (acrônimo de Jupiter ICy moons Explorer) será lançada, amanhã, rumo ao gigante gasoso. Ao custo de US$ 1,75 bilhão, a empreitada, liderada pela Agência Espacial Europeia, é a primeira a explorar a região externa do Sistema Solar e pretende responder a uma pergunta que o homem não se cansa de fazer: será possível a vida como se conhece fora da Terra?
A missão não é tripulada, e a Juice não leva instrumentos capazes de detectar extraterrestres. Porém, as 6,2t de aparelhos científicos da sonda vão farejar a possibilidade de as luas geladas de Júpiter abrigarem vida. Farão isso examinando as condições necessárias para tanto: água, elementos básicos biológicos, energia e estabilidade. "Isso não significa que vamos encontrar vida, mas que queremos saber se é possível", disse, à agência France-Press de notícias (AFP), Francis Rocard, planetólogo do Centro Nacional de Estudos Espaciais (Cnes) da França.
A Juice será lançada ao espaço a bordo de um foguete Ariane 5, da Guiana Francesa. Após subir a 1,5 mil quilômetro, será impulsionada a jornada a Júpiter. Sua chegada à órbita do planeta está prevista para 2031, a uma distância de 628 milhões de quilômetros da Terra.
A viagem será longa e sinuosa, à medida que a sonda não tem energia suficiente para chegar a Júpiter em uma trajetória direta. A sonda passará de planeta em planeta, usando suas respectivas forças de gravidade para se impulsionar para frente, como uma catapulta.
O primeiro destino é a Lua, depois Vênus (2025), posteriormente a Terra novamente (2029), que a ajudará a dar o empurrão final para Júpiter e seus satélites naturais. "Ao passar por Vênus, a sonda enfrentará temperaturas de 250ºC e quando chegar a Júpiter, de -230ºC, uma diferença enorme", alerta Carole Larigauderie, do Cnes. Para suportar essa diferença de temperaturas, o objeto espacial é coberto de várias camadas de material isolante.
Após uma parada perigosa, a sonda entrará na órbita de Júpiter para começar sua missão científica: inspecionar o planeta gigante e seus principais satélites, Io, Europa, Ganímedes e Calisto. "É um sistema solar em miniatura cujo estudo nos permitirá entender melhor como o nosso Sistema Solar foi formado", explica Olivier Witasse, gerente do projeto na Agência Espacial Europeia. A Juice utilizará dados meteorológicos, estudará campos magnéticos e examinará a conexão entre as diferentes luas para detectar ambientes favoráveis ao surgimento de outras formas de vida.
A atenção maior será sobre Ganímedes, a maior lua do Sistema Solar, a única que tem um campo magnético que a protege da radiação e uma forte candidata, junto com Europa, à busca por condições ideais de vida. Ambos os satélites estão cobertos por uma espessa camada de gelo, e, embaixo deles, existem vastos oceanos de água líquida, a principal condição para o surgimento da vida.
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