Com a chegada do outono e a baixa umidade relativa do ar, é comum a incidência da chamada Síndrome do Olho Seco. Os sintomas do desconforto incluem coceira, vermelhidão, sensação de areia nos olhos e visão embaçada. Para aliviar, é comum que as pessoas recoram a colírios lubrificantes e lágrimas artificiais, que ajudam a umidificar os olhos e reduzem a irritação. Mas o uso excessivo pode acabar piorando o problema, causando dependência e até mesmo danos permanentes à visão.
De acordo com o oftalmologista Tiago Cesar Pereira Ferreira, o olho seco é um problema comum nesta época do ano e pode ser agravado por vários fatores, como ar-condicionado, aquecedores e ventos fortes. "No outono, percebemos um aumento das queixas de olho seco em consultório. O problema é recorrente, principalmente em pacientes idosos, que fazem uso de lentes de contato ou que passam muitas horas em frente às telas ou em ambientes com ar condicionado."
Conforme explica Tiago César, o uso de lágrimas artificiais e colírios pode ajudar, mas é importante a consulta com o médico oftalmologista para que seja possível determinar a causa da secura ocular. "O médico poderá recomendar ainda alterações no ambiente, comportamento, troca das lentes de contato, redução do tempo de uso das lentes, e poderá também indicar o colírio ou lágrima artificial mais adequado para cada caso", ensina.
A bancária Marina Pires Enoch, de 36 anos, passa muitas horas em ambiente com ar-condicionado e costuma sofrer de olho seco nessa época do ano. "Eu uso lentes de contato, não tenho o hábito de usar colírios, mas quando o tempo está muito seco acaba aliviando bastante o incômodo", diz. Marina relata que faz uso do produto sem orientação médica, mas acabou sofrendo uma reação adversa recentemente. "Outro dia, estava sentindo muito o incômodo com o olho seco e comprei um colírio, no meu horário de trabalho. Pinguei e, algumas horas depois, minha pupila dilatou muito, ficou algumas horas dessa forma, e acabou atrapalhando minha visão temporariamente", lembra.
O oftalmologista ensina que, apesar de causar a sensação de uma melhora na hora, pode ser que o colírio não seja o real indicado para resolver o problema, além do risco de possíveis efeitos colaterais. "Existem condições médicas e comportamentais que podem causar o olho seco. Se a pessoa está com o problema em decorrência do uso de algum medicamento, por exemplo, ou devido a alguma doença, como tireoidite de hashimoto ou diabetes, que podem causar olho seco, e fica fazendo uso constante de um colírio sem prescrição, não está atuando na causa do problema, está apenas o mascarando e se viciando no uso do colírio", alerta.
Além do risco de vício para a manutenção da lubrificação ocular, o uso indiscriminado de colírios também pode mascarar sintomas de doenças oculares mais graves. "O diagnóstico de algumas doenças oculares pode ser prejudicado e, assim, compromete-se também a conduta do tratamento precoce", complementa o especialista.
Para o tratamento adequado do olho seco, o primeiro passo é a consulta com o médico oftalmologista. "Por meio de uma anamnese, será possível identificar os fatores que estão contribuindo com aquele quadro de olho seco, e agir nas causas. O oftalmologista pode prescrever algum colírio ou lágrima artificial, dependendo do caso, mas é fundamental seguir as orientações para evitar problemas futuros. Com medidas preventivas simples e o tratamento adequado, é possível aliviar os sintomas", aponta.
Alguns hábitos podem fazer a diferença para evitar a condição. "Se você passa muitas horas trabalhando no computador, é comum que pisque os olhos com menos frequência. Se já sofre de olho seco, lembre-se de ter atenção e aumentar a frequência das piscadas. Para quem faz uso de lentes de contato, sempre lembrar-se de seguir as recomendações de uso das lentes - não dormir com as lentes de forma alguma, não usar ao mergulhar e higienizar apenas com o fluido específico para a sua lente. Reduzir o tempo de uso das lentes de contato e dar preferência para os óculos, nessa época do ano, também pode ajudar", recomenda.
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