ARQUEOLOGIA

Reconstrução facial 3D mostra como seriam os egípcios antigos

O trabalho foi baseado em um esqueleto quase completo que foi encontrado no sítio egípcio pré-histórico de Nazlet Khater 2, em 1980

Cecília Sóter
postado em 04/04/2023 12:48 / atualizado em 04/04/2023 12:58
 (crédito: Moacir Elias Santos/Cícero Moraes)
(crédito: Moacir Elias Santos/Cícero Moraes)

Dois brasileiros pulicaram um artigo, no portal Ortogonline, em que fazem a reconstrução facial um humano de 30 mil anos, a partir de restos mortais descobertos no Vale do Nilo, no Egito. O trabalho foi conduzido pelo arqueólogo Moacir Elias Santos, do museu arqueológico Ciro Flamarion Cardoso (de Ponta Grossa, no Paraná) e pelo designer 3D Cícero Moraes. A dupla baseou o trabalho em um esqueleto quase completo encontrado no sítio egípcio pré-histórico de Nazlet Khater 2, em 1980. O esqueleto pertencia a um jovem do sexo masculino, talvez no fim da adolescência ou na casa dos 20 anos, de ascendência africana que media cerca de 1,65m de altura.

As primeiras tentativas de datar o esqueleto falharam devido à qualidade do osso altamente fragmentado e ao nível relativamente básico da tecnologia de datação por radiocarbono disponível no início dos anos 1980. Felizmente, um machado de pedra foi encontrado ao lado do corpo, datado entre 30 mil anos e 35 mil anos.

O artigo observa que o crânio pode ser considerado "moderno", sugerindo que ele tinha potencial para ter habilidades cognitivas semelhantes aos humanos dos dias atuais. No entanto, eles observam que os restos apresentam algumas características "arcaicas", principalmente uma mandíbula maior em comparação com o Homo sapiens moderno.

Após capturar a forma do crânio por meio de imagens de fotogrametria, as partes que faltavam dos restos mortais foram reunidas usando uma série de técnicas científicas. Depois que uma aproximação completa do crânio foi montada, eles tiveram que descobrir onde e como o tecido mole ficaria em seu crânio.

A reconstrução facial usando apenas um crânio não é uma ciência exata, então, é necessária uma certa "licença artística". Isso ocorre porque a forma do crânio só pode fornecer informações limitadas sobre como os tecidos moles, como músculos e gordura, realmente apareceriam no rosto de uma pessoa.

Assim, a dupla criou duas imagens finais: "Uma mais objetiva e científica e outra mais subjetiva e artística". Enquanto a imagem "científica" é mais um busto grosseiro, o exemplo "artístico" apresenta cabelo, barba clara e olhos expressivos.

  • Etapas da fotogrametria craniana e deformação anatômica inicial, resultando na recuperação estrutural do crânio, parte da aproximação facial e segmentação do endocast Moacir Elias Santos/Cícero Moraes
  • Etapas finais da aproximação facial. Moacir Elias Santos/Cícero Moraes
  • Aproximação facial com elementos mais objetivos Moacir Elias Santos/Cícero Moraes
  • Aproximação facial com elementos a adição de elementos subjetivos Moacir Elias Santos/Cícero Moraes

"Embora contenha elementos especulativos sobre a aparência do indivíduo, por se tratar de uma obra que será apresentada ao público em geral, fornece os elementos necessários para uma humanização completa, muito difícil de conseguir apenas com exposição do crânio e deficiente na objetiva imagem em escala de cinza com os olhos fechados", escreveram os pesquisadores no artigo.

Este homem teria vivido um estilo de vida caçador-coletor, armado apenas com ferramentas de pedra e o cérebro. Os assentamentos permanentes começaram a aparecer em todo o Egito apenas cerca de 25 mil anos depois do período em que o dono desse esqueleto viveu.

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