"Jurassic Park" e os fabricantes de brinquedos estão equivocados. O tiranossauro rex provavelmente não tinha dentes irregulares que ficavam para fora como nos fizeram crer, mas sim lábios, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (30).
Esta é a conclusão de uma equipe de pesquisadores internacionais, cujas descobertas foram divulgadas pela revista Science.
"Animais como os T-Rex, os dinossauros terópodes, muito provavelmente tinham algum tipo de lábios, como um tecido macio que cobria sua boca" para proteger os dentes, afirmou um dos autores do estudo, Thomas Cullen.
Até agora, acreditava-se que estes animais eram mais parecidos com "os crocodilos, com os dentes expostos quando a boca estava fechada e sem lábios", explica o professor de paleobiologia da Universidade de Auburn.
Suas conclusões não são definitivas, mas Cullen e outros pesquisadores examinaram terópodes de vários museus e seguiram diversas linhas de estudo.
Observaram, por exemplo, o desgaste do esmalte dos dentes de dinossauros e crocodilos, os animais vivos mais parecidos com os terópodes.
"O esmalte, como os dentistas dizem a algumas pessoas, precisa se manter saudável e hidratado para estar sadio", explicou Cullen. "Se estiver exposto ao ar por muito tempo, torna-se frágil, é mais propenso a rachar ou adoecer."
Segundo o paleobiólogo, o esmalte na parte externa dos dentes dos crocodilos vivos se desgasta mais rapidamente do que na parte interna, pois eles não têm lábios.
"Quando observamos a espessura do esmalte na parte interna e externa dos dentes dos grandes tiranossauros, não mostram essa configuração como um crocodilo", disse ele, mas sim um modelo "mais parecido com um animal que tem lábios (...) A espessura do esmalte é a mesma no lado externo e interno".
Os pesquisadores queriam saber se os dentes dos tiranossauros rex eram tão grandes que não cabiam na boca do dinossauro e os compararam com vários lagartos com lábios.
Alguns desses lagartos têm dentes tão grandes que "parece quase inacreditável que esses dentes possam estar completamente cobertos pelos lábios e, no entanto, estão", afirmou Cullen. "E descobrimos que (...) essa relação de escala é quase idêntica nos dinossauros terópodes", acrescentou.
Cullen reconhece que o famoso filme "Jurassic Park" refletia o que a ciência conhecia na época em que foi produzido, mas desde então "se desviou bastante" em suas tentativas de representar esses dinossauros com precisão.