A água presente nos quatro cantos da Terra foi originada antes do Sol surgir na Via Láctea. A afirmação é de um grupo de astrônomos do Observatório Nacional de Radioastronomia dos Estados Unidos que descobriu que a origem da água está ligada aos sistemas planetários que promovem o surgimento de estrelas e planetas.
O estudo foi publicado na quarta-feira (8/3) na revista Nature. A origem da água e o caminho que ela fez até chegar ao planeta Terra é uma das maiores questões a serem respondidas pela astronomia. Apesar de já ser sabido que cometas carregam os átomos da água — e, assim, os depositam em outras regiões ao se chocar com elas, como a Terra —, era desconhecido o processo de como o elemento se tornou um componente do objeto espacial.
Para mapear a jornada da água, pesquisadores utilizaram as antenas do Atacama Large Millimeter Array (Alma), maior rede de telescópios do mundo, para o disco de formação de planetas V883 Orionis, localizado a cerca de 1,3 mil anos-luz de distância da Terra. O disco é composto de uma grande estrela jovem rodeada por um disco de nuvens moleculares de gás e poeira, onde estão presentes alguns átomos de água.
- Saiba a chance de colisão do asteroide que se aproximará da Terra em 2046.
- Inteligência artificial identifica 140 mil berços estelares na Via Láctea.
Por ser um ecossistema novo, os cientistas entenderam que poderiam mapear os caminhos da água no local, que ainda está em processo de formação de estrelas e planetas. Outras característica ímpar do V883 Orionis deu as condições necessárias para a observação da água: o aquecimento interno do sistema planetário.
Os cientistas explicam: por ser uma estrela jovem, o fluxo presente nas nuvens moleculares de gás e poeira causaram uma explosão estelar, que aqueceu o disco ao redor da estrela e transformou os átomos de água congelados em água gasosa, o que permitiu a detecção mais fácil de água e os fluxos dela no local.
A explosão também causou uma alteração na fórmula da água: composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, a água gasosa do local substituiu o hidrogênio por um isótopo pesado chamado deutério. Assim, a proporção identificada nessa fórmula mais pesada da água permite o rastreamento da água.
A descoberta mostrou que a água se origina no sistema planetário, em meio às nuvens de gás e poeira com moléculas de água gasosa, que formam estrelas jovens, depois cometas e asteroides. Para confirmar a descoberta, os cientistas mapearam a composição da água gasosa e verificaram que a proporção vista nas moléculas do V883 Orionis era a mesma vista em alguns cometas do Sistema Solar e semelhante à água na Terra, reiterando a tese de que os cometas levaram água para a Terra.
A constatação também mostrou que a água vista na Terra foi originada antes mesmo do Sol ser formado, já que os bolsões de formação de estrelas e planetas são a origem do próprio Sol.
“A composição da água no disco é muito semelhante à dos cometas do nosso próprio Sistema Solar. Esta é a confirmação da ideia de que a água nos sistemas planetários se formou há bilhões de anos, antes do Sol, no espaço interestelar, e foi herdada tanto pelos cometas quanto pela Terra, relativamente inalterada”, pontua John J. Tobin, principal autor do estudo e astrônomo do Observatório Nacional de Radioastronomia.
A equipe de astrônomos também descobriram que o disco V883 Orionis contém pelo menos 1,2 mil vezes a quantidade de água em todos os oceanos da Terra.
Notícias no seu celular
O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:
Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida.
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!