Uma falsa recuperação da covid — quando há evidências de que a doença desapareceu, mas ela retorna dias ou semanas depois — é mais comum do que se imagina. Um estudo feito pelo Scripps Research Translational Institute, um instituto de pesquisa em saúde dos Estados Unidos, mostra que os casos de rebote podem chegar a quase 19% dos infectados. Os dados são iniciais, mas segundo os autores, indicam que o fenômeno acomete tanto aqueles que são tratados para a doença com um antiviral quanto os não medicados.
Os resultados preliminares foram revisados por pares e publicados na revista Clinical Infectious Diseases. Envolvem dados de 170 voluntários, submetidos a um teste para diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus. O retorno das evidências do vírus nos testes de antígeno e nos sintomas da covid-19 autorrelatados ocorreram em 9,3% e 7% dos pacientes que optaram por não receber o tratamento com Paxlovid. Entre os tratados com o antiviral, os índices foram de 14,2% e 18,9%, respectivamente. Os pacientes não foram hospitalizados, o que indica que estava em quadros leves da doença.
Embora uma proporção maior do grupo tratado com antiviral tenha relatado o rebote da covid-19, na avaliação dos autores, a diferença não é estatisticamente significativa no atual momento do estudo, cujo projeto incluiu um total de 800 voluntários. "Vamos precisar de um conjunto maior de participantes e de um acompanhamento mais extenso para entender melhor esse fenômeno de rebote", enfatiza, em nota, Jay Pandit, professor-assistente e diretor de Medicina Digital no Scripps Research.
Relatos de rebote de covid-19 começaram a aparecer na literatura médica, no ano passado. A causa do fenômeno não é clara, embora a sugestão, na maioria dos relatórios, seja de que ele ocorra com mais frequência em pacientes tratados com o antiviral. O Paxlovid combina as substâncias nirmatrelvir e ritonavir e tem a venda autorizada no Brasil, pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde novembro do ano passado. Nos Estados Unidos, a aprovação para uso emergencial contra casos de risco leve a alto da doença ocorreu no fim de 2021.
Diário
Os participantes do estudo testaram positivo para a infecção pelo coronavírus e foram orientados a responder a um questionário de sintomas em dias alternados, durante 16 dias. Os pesquisadores, então, compararam as taxas de rebote entre os que optaram e os que não quiseram receber o antiviral. Na primeira análise, 127 pessoas receberam o Paxlovid e 43, não. O rebote foi medido de duas maneiras: um resultado de teste positivo após um negativo ou uma recorrência relatada de sintomas após a resolução dos sintomas, com índices variando de 7% a 18,9%.
Apesar da diferença entre os dois grupos quanto à ocorrência do rebote, observou-se similaridades em alguns pontos. Por exemplo, no tempo desde o primeiro teste de antígeno positivo até o primeiro exame negativo, os dois grupos tiveram resultados essencialmente idênticos. O mesmo ocorreu no período entre o surgimento e o desaparecimento do primeiro sintoma da doença. Idade, sexo e condições preexistentes também não parecem influenciar o rebotes, constataram os autores.
Segundo Pandit, as descobertas preliminares deixam claro que as taxas de rebote para grupos tratados e não tratados são mais altas do que as relatadas em estudos anteriores — uma análise de resultados de ensaios clínicos pela Pfizer, fabricante do antiviral, encontrou índices de 2% nos grupos que receberam o medicamento e placebo durante um período de duas semanas.
Além de aumentar o número de participantes, chegando aos 800, a equipe planeja começar a sequenciar o vírus detectado nos voluntários e testar amostras de sangue quanto aos níveis de anticorpos e outros marcadores imunológicos. "Esperamos responder a perguntas-chave sobre o fenômeno rebote, como se ele é aprimorado pelo Paxlovid, quanto depende da variante viral e qual é o papel do sistema imunológico do paciente", antecipa Pandit.
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