Jornal Correio Braziliense

coordenador da Obstetrícia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília

Qual é o perfil das mulheres que são mais propensas a desenvolver distúrbios hipertensivos na gravidez?

São as pacientes em sua primeira gestação, aquelas acima do peso, sedentárias, que têm idade acima dos 35 anos, apresentam alguma doença autoimune, diabetes, doença renal, história familiar de pressão alta, gestações gemelares ou mulheres que engravidaram por meio de técnicas de reprodução humana, como a fertilização in-vitro.

Como a pressão alta durante a gravidez é um fator de risco para doenças cardíacas e cerebrovasculares?

Isso pode ser explicado por fatores genéticos, bem como hábitos, condições de vida e doenças prévias que são fatores de risco comuns às doenças. Mas sabe-se também que a pré-eclâmpsia induz a alterações metabólicas e fisiológicas, como disfunção endotelial, resistência insulínica, atividade pró-inflamatória e alterações do colesterol, que podem permanecer mesmo após o parto e causar doenças cardíacas e neurológicas anos mais tarde. As alterações vasculares no cérebro em decorrência da pré-eclâmpsia podem levar a demência, transtorno de estresse pós-traumático e depressão.