Análises geoquímicas de estelas (placas de pedra em que os antigos faziam inscrições) encontradas na Península Ibérica indicam que ferramentas de aço já eram usadas na Europa há cerca de 2.900 anos. A conclusão é detalhada em um artigo publicado na última edição do Journal of Archaeological Science. Segundo os autores, as peças, que datam da Idade do Bronze Final, apresentam gravuras complexas que só poderiam ter sido feitas com aço temperado.
Até recentemente, supunha-se que não era possível produzir aço de qualidade adequada no início da Idade do Ferro (de 1200 a.C. até 1000 a.C.) — muito menos no fim da anterior Idade do Bronze. Acreditava-se que o uso desse recurso só se difundiu na Europa sob o Império Romano, iniciado em 27 a.C.
A equipe internacional de cientistas, liderada pelo arqueólogo Ralph Araque Gonzalez, da Universidade de Friburgo, na Suíça, chegou a indícios de um uso anterior desse material. "Os povos da Idade do Bronze Final na Península Ibérica eram capazes de temperar o aço. Caso contrário, não teriam conseguido trabalhar os pilares", enfatiza, em nota, Araque Gonzalez.
Há fragmentos espalhados de registros arqueológicos desse período da história na Península Ibérica. Dessa forma, as estelas ocidentais ibéricas e as suas representações de figuras antropomórficas, animais e objetos selecionados têm uma importância ímpar para a investigação da época.
Ao avaliar a composição geológica das estelas, Araque Gonzalez e equipe concluíram que, como se supunha, boa parte das peças não era feita de quartzito, mas de arenito de quartzo de silicato. "Assim como o quartzito, é uma rocha extremamente dura que não pode ser trabalhada com ferramentas de bronze ou pedra, mas apenas com aço temperado", explica o arqueólogo.
A análise de um cinzel de ferro encontrado na Rocha do Vigio mostrou que os pedreiros ibéricos da Idade do Bronze Final tinham ferramentas necessárias para essa façanha. Os pesquisadores descobriram que o instrumento de corte consistia em aço heterogêneo, surpreendentemente rico em carbono. Fizeram, então, um experimento com cinzéis de vários materiais e pedras ibéricas usadas para registros há 2.900 anos. A conclusão é de que apenas as ferramentas feitas de aço temperado conseguem gravar adequadamente nas rochas.
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!
Notícias gratuitas no celular
O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:
Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida.