Em um artigo publicado na revista Nature, o geneticista Katsuhiko Hayashi relata, detalhadamente, como produziu óvulos funcionais a partir da conversão das células-tronco de dois camundongos machos em gametas femininos e masculinos. Na semana passada, Hayashi, pesquisador da Universidade de Kyushu, no Japão, anunciou os resultados do experimento, pessoalmente, em um congresso científico na Inglaterra.
Os gametas masculinos e femininos — esperma e óvulos, respectivamente — são produzidos a partir de um tipo de células-tronco conhecidas como germinativas primordiais. A diferenciação delas em gametas requer o funcionamento adequado dos cromossomos sexuais.
Pesquisas anteriores que investigavam a possibilidade de alterar o sexo das células germinativas descobriram que a produção de gametas diminuiu ou produziu estruturas com baixa fertilidade. Agora, a equipe de Hayashi relata que o uso de células-tronco pluripotentes (incluindo embrionárias e induzidas) pode produzir óvulos mais funcionais.
Os autores pegaram células da pele da cauda de camundongos machos maduros (com cromossomos XY) e as transformaram em células-tronco pluripotentes induzidas. Essas estruturas foram cultivadas in vitro, processo que leva à perda do cromossomo Y em aproximadamente 6% da amostra total, gerando células XO.
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Sete descendentes
O crescimento adicional em cultura dessas células XO induziu a duplicação do cromossomo X. Segundo os pesquisadores, tratá-las com reversina, uma droga que interfere na divisão celular, aumentou a eficiência do processo. As estruturas resultantes, com dois cromossomos X, foram, então, induzidas para se diferenciar em germinativas primordiais e, depois, em óvulos. Quando fertilizados e implantados no útero de um camundongo, produziram descendentes viáveis. Cerca de 1% dos embriões deram origem a filhotes (sete em 630).
Os autores observam que uma avaliação mais rigorosa do impacto desse método de conversão de células masculinas em femininas na integridade do genoma será necessária para futuras pesquisas e aplicações. Na semana passada, durante o evento na Inglaterra, Hayashi afirmou que, ao menos em termos tecnológicos, há potencial de a técnica ser reproduzida com células humanas dentro de 10 anos.
Em entrevista ao The Guardian na semana passada, George Daley, reitor da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, considerou o trabalho "fascinante", acrescentando que pesquisas anteriores demonstraram que a criação de gametas humanos em laboratório é mais desafiadora do que as fabricadas com células de camundongo. "Ainda não entendemos o suficiente da biologia única da gametogênese humana para reproduzir o trabalho provocativo de Hayashi em camundongos", afirmou ao jornal britânico.
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