ASTRONOMIA

Buraco negro no centro da Via Láctea atrai objeto misterioso, diz estudo

Com o passar do tempo, espera-se que o objeto seja cada vez mais atraído pelo buraco negro e se desintegre por causa do intenso campo gravitacional

Correio Braziliense
postado em 03/03/2023 14:43
 (crédito: Divulgação/Anna Ciurlo/UCLA)
(crédito: Divulgação/Anna Ciurlo/UCLA)

Astrônomos da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) analisaram dados coletados, durante vinte anos, de um objeto alongado chamado X7, que se encontra perto de um buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea. Por duas décadas, os cientistas ficaram intrigados e sem saber do que se tratava, mas agora parece que o mistério está sendo descoberto.

A equipe de pesquisadores sugere que esse objeto pode ser uma nuvem de poeira e gás que foi ejetada durante a colisão de duas estrelas. Com o passar do tempo, espera-se que o X7 seja cada vez mais atraído pelo buraco negro, chamado Sagitário A*, e se desintegre por causa do intenso campo gravitacional.

“Nenhum outro objeto nesta região mostrou uma evolução tão extrema. Ele começou em forma de cometa e as pessoas pensaram que talvez tivesse essa forma de ventos estelares ou jatos de partículas do buraco negro. Mas, ao segui-lo por 20 anos, vimos que ele se tornava mais alongado. Algo deve ter colocado esta nuvem em seu caminho particular com sua orientação particular", comentou Anna Ciurlo, principal autora do estudo, ao portal da UCLA.

O objeto até então desconhecido tem uma massa de aproximadamente o tamanho de 50 planetas Terra e pode levar cerca de 170 anos para completar o caminho orbital. No entanto, os pesquisadores acreditam que o X7 pode se desintegrar antes dele completar uma órbita.

“É emocionante ver mudanças significativas na forma e na dinâmica de X7 com tantos detalhes em uma escala de tempo relativamente curta, pois as forças gravitacionais do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea influenciam esse objeto”, conta Randy Campbell, coautor da pesquisa.

Segundo a pesquisadora italiana Anna Ciurlo, a colisão de estrelas é comum, especialmente perto de buracos negros. “Este é um processo muito confuso: as estrelas circulam umas às outras, se aproximam, se fundem e a nova estrela fica escondida em uma nuvem de poeira e gás. X7 pode ser a poeira e o gás ejetados de uma estrela fundida que ainda está em algum lugar", pontuou.

Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) continuarão observando e investigando a evolução do objeto astronômico. "É um privilégio poder estudar o ambiente extremo no centro de nossa galáxia”, concluiu Campbell. A pesquisa foi publicada no periódico The Astrophysical Journal e pode ser acessada na íntegra neste link.

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