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PESQUISA

Poeira lunar pode ajudar a proteger a Terra do aquecimento global

A ideia dos cientistas é interceptar uma fração de luz solar antes que ela chegue ao planeta. Os autores do estudo ressaltam que a pesquisa explora apenas o potencial e não a viabilidade logística

Em meio aos esforços para conter os avanços das mudanças climáticas, pesquisadores investigam se a poeira lunar pode funcionar como uma espécie de escudo solar contra o aquecimento global. Isso porque a Terra retém cada vez mais a energia do Sol, o que aumenta significativamente a temperatura terrestre. Portanto, a estratégia dos cientistas - para além da mudança de hábitos dos seres humanos que contribuem para degradação ambiental - é interceptar uma fração de luz solar antes que ela chegue ao planeta.

“É incrível contemplar como a poeira lunar – que levou mais de quatro bilhões de anos para ser gerada – pode ajudar a retardar o aumento da temperatura da Terra, um problema que levou menos de 300 anos para ser produzido”, disse o coautor do estudo Scott Kenyon ao portal EurekAlert!.

Os pesquisadores aplicaram uma técnica usada no estudo da formação de planetas em torno de estrelas distantes. Esse processo gera bastante poeira astronômica e forma anéis em torno das estrelas hospedeiras. Esses anéis interceptam a luz da estrela central e a irradiam novamente.

“Essa foi a semente da ideia; se pegássemos uma pequena quantidade de material e o colocássemos em uma órbita especial entre a Terra e o Sol e o quebrássemos, poderíamos bloquear uma grande quantidade de luz solar com uma pequena quantidade de massa”, explicou o professor de física Ben Bromley.

Segundo os autores do estudo, a eficácia desse escudo solar depende da capacidade de sustentar uma órbita que projeta uma sombra na Terra. Por isso, eles exploraram diversos tipos de órbitas utilizando as leis da gravidade e o conhecimento das posições e massas dos principais corpos celestes.

Testando as possibilidades

No primeiro cenário de teste, os cientistas posicionaram uma plataforma da estação espacial no ponto L1 Lagrange, que é o mais próximo entre a Terra e o Sol e onde as forças gravitacionais são equilibradas. Em simulações de computador, eles dispararam partículas da plataforma para a órbita e rastrearam por onde as partículas se espalharam.

Então, os autores descobriram que quando lançada com precisão, a poeira seguiria um caminho entre a Terra e o Sol, criando uma sombra por um tempo. No entanto, essa poeira foi soprada para fora de curso pelos ventos solares, radiação e gravidade dentro do sistema solar.

Já no segundo cenário, os pesquisadores dispararam poeira lunar de uma plataforma na superfície da lua em direção ao Sol e descobriram que as propriedades da poeira são boas para funcionar como um protetor solar, pois as simulações mostraram excelentes trajetórias.

Entretanto, os autores do estudo ressaltam que a pesquisa explora apenas o potencial da poeira lunar como escudo solar e não a viabilidade logística. “Não somos especialistas em mudanças climáticas ou na ciência espacial necessária para mover massa de um lugar para outro. Estamos apenas explorando diferentes tipos de poeira em uma variedade de órbitas para ver o quão eficaz essa abordagem pode ser. Não queremos perder uma virada de jogo para um problema tão crítico”, afirmou Bromley.

O estudo foi publicado na revista PLOS Climate e pode ser acessado na íntegra neste link.

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