No final de janeiro, na Paris Fashion Week 2023 (Semana de Moda de Paris), a cantora americana Doja Cat chamou a atenção do público com seu look ousado e extravagante. Convidada pela grife italiana Schiaparelli, a artista optou por ir ao evento vestida de vermelho dos pés a cabeça - só que literalmente!
Apesar do look diferente, outro ponto chamou a atenção e dividiu opiniões na web. Doja usou uma maquiagem marcante, composta por mais de 30 mil cristais aplicados diretamente na pele. Em algumas pessoas, a aparência causou tripofobia.
A doença com denominação pouco conhecida é caracterizada pelo medo de buracos ou saliências aglomeradas, causando angústia e ansiedade. Um exemplo de imagem que causa a doença é o favo de mel, que possui diversos buracos. Dependendo do grau, as pessoas sensíveis às imagens podem ter palpitações e sudorese.
Na maioria das vezes, as fobias são causadas por traumas ou associações inadequadas que as pessoas fazem desde criança. Isso pode ajudar a desenvolver uma aversão extrema e configurar uma doença.
A psicóloga comportamental Viviana Aviani Semenza explica que esses agrupamentos podem caracterizar o medo inconsciente de algum perigo. "Eles associam muito alguns animais que são perigosos, como por exemplo a cobra. As cobras, por exemplo, você vê que elas têm desenhos agrupadinhos, geométricos. A onça também tem desenhos agrupados, então a gente não sabe ao certo, mas essa pode ser uma fobia que já vem da nossa própria base evolutiva, de atenção, de perigo, de saber que animais com padrões assim são perigosos em vários momentos", explica.
Viviana esclarece que, no caso da roupa de Doja Cat, os agrupamentos podem ter gerado uma certa aflição. "Tem gente que não consegue olhar e tem gente que realmente sente um mal estar. Apesar de não ser caracterizado como um transtorno mental, sabemos que é um gerador de angústia", ressalta.
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Outros tipos de fobias
Além da tripofobia, existem diversos outros pavores considerados extraordinários (fora do comum) - até mesmo a fobia de ter fobia, acredita? Confira abaixo:
Pogomofobia
A pogomofobia se caracteriza pelo medo de barbas e pelos. As pessoas que sofrem dessa doença podem chegar a ter dificuldade em ter contato com animais peludos. Viviana explica que a doença geralmente é embasada por algum trauma.
Onfalofobia
Existem pessoas que tem medo de ver o próprio umbigo, deixando muitas vezes de ir à praia ou à piscina para não ter contato visual com umbigos.
Espectrofobia
Muitas pessoas possuem medo de dormir sozinho ou de ficar no escuro. No caso das pessoas que possuem espectrofobia, esse é um problema que afeta diretamente no sono. A doença consiste no medo irracional de fantasmas ou espectros.
Eisoptrofobia
Já imaginou em não conseguir usar o espelho para se arrumar ou até mesmo tirar aquela foto para as redes sociais? Existem pessoas que sofrem de eisoptrofobia, caracterizada pelo medo de ver seu próprio reflexo no espelho.
Fobofobia
A fobofobia consiste no medo dos próprios medos. No caso dessa doença, as pessoas sofrem de um quadro extremo de ansiedade, pois antecipa muitos fatos da vida que ainda não aconteceram. Viviana cita o caso de um paciente que havia paralisado vários setores da vida, pois tinha medo de enfrentá-los.
Nesse caso, as pessoas que sofrem da doença vivem de uma maneira receosa, com medo de viver uma experiência traumática e acabar desenvolvendo uma fobia.
Síndrome de F.o.M.O
Você já ouviu falar na síndrome de F.o.M.O? Fear of missing out (medo de perder algo) é o nome da síndrome caracterizada pela ansiedade ou o medo de não conseguir acompanhar as atualizações e eventos, fazendo com que as pessoas sintam a necessidade de se manter constantemente conectadas às redes sociais.
A doença também está relacionada à curiosidade em saber o que os outros estão fazendo, vestindo comendo e até sentindo. Segundo informações do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, um sinal de alerta para a F.o.M.O é a angústia vivenciada quando sentimos que estamos perdendo alguma coisa.
Viviana explica que considera a F.o.M.O como um vício, pois "pode se tornar uma compulsão." Não encaixa na síndrome e também não pode ser considerada uma fobia, ela vira um vício", conta.
Os sintomas da síndrome incluem:
- Dedicar muito tempo às redes sociais;
- Usar excessivamente o celular, inclusive durante as refeições, durante o trabalho ou até dirigindo;
- Ter dificuldade em viver o momento e preocupar-se em tirar fotos para publicá-las nas redes sociais;
- Esperar constantemente novas notificações no celular; e
- Aceitar propostas para todas as festas e eventos por medo de se sentir excluído.
Algumas orientações para prevenir a doença ou minimizar os sintomas são: reduzir o tempo de uso das redes sociais; ter em mente que as publicações geralmente refletem momentos de alegria e são apenas um pequeno recorte da realidade; evitar se comparar com outras pessoas; meditar (aumenta a conexão com o presente e diminui a ansiedade); e inserir na rotina atividades ao ar livre.
Tratamento
Viviana explica que o tratamento das fobias é realizado por meio da psicoterapia. "A técnica mais utilizada é da terapia de exposição, que compõe a terapia comportamental. Basicamente, o intuito é expor a pessoa ao objeto ou contexto da fobia, de maneira progressiva, até que ele consiga manter contato saudável com esse objeto", explica a psicóloga.
Essa é uma forma que ajuda a eliminar o comportamento de evitação e medo, superando a ansiedade que a exposição causa. "Conduzimos as sessões de modo a mudar a resposta do paciente frente às falhas ou distorções que ele tem em relação ao objeto da fobia."
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