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Cientistas estudam remédio que pode fazer o coração durar mais fora do corpo

Uso de remédio comum para tratar convulsões prolonga a sobrevida do órgão doado, podendo ampliar o prazo para transporte e armazenamento. Segundo cientistas estadunidenses, a estratégia tem potencial para otimizar as cirurgias de transplante

Disfunção

Em cerca de 10% a 20% dos transplantes de coração, os órgãos transplantados não conseguem bombear sangue suficiente para abastecer o resto do corpo. A condição, conhecida como disfunção primária do enxerto, é responsável por quase 40% das mortes precoces após o procedimento e é relativamente comum, apesar da tecnologia mais recente de preservação, a máquina de perfusão cardíaca.

Os pesquisadores de Michigan buscaram reduzir a disfunção primária do enxerto aumentando a produção de itaconato, substância anti-inflamatória e antioxidante produzida pela enzima Irg1. Esse metabólito neutraliza os efeitos do succinato, molécula nociva que se acumula enquanto o coração está congelado e cria uma onda de estresse oxidativo, causando mau funcionamento do órgão.

Para evitar o problema, os pesquisadores usaram o ácido valproico, a base do medicamento anticonvulsivante. Eles descobriram que a substância inviabilizou uma quantidade significativa do estresse cumulativo em humanos e em porcos. O remédio é aprovado pelo órgão de vigilância sanitária norte-americano, o Food and Drug Administration (FDA). Por isso, os cientistas acreditam que o caminho para um ensaio clínico pode ser mais curto.

"Essa descoberta vai permitir que um coração chegue a pacientes em locais de difícil acesso, impactando muito o panorama do transplante de órgãos", disse Y. Eugene Chen, coautor do estudo. "Espera-se que os princípios abrangentes aqui se apliquem à preservação de outros órgãos, como pulmões, fígado e rins. Eu também anteciparia que essa estratégia de tratamento seria relevante para outras condições em que o suprimento de sangue é interrompido, como ataque cardíaco ou derrame."

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Descobertos genes-chave do infarto

Cientistas da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, identificaram genes que desempenham papéis-chave no desenvolvimento da doença arterial coronariana, que pode resultar em um infarto. A expectativa é de que a descoberta, detalhada na revista Circulation Research, abra caminhos para novos tratamentos e estratégias de prevenção.

Mete Civelek, pesquisador sênior do estudo, conta que, nos últimos 15 anos, investigações com dados de mais 1 milhão de pessoas chegaram a centenas de locais no cromossomo humano ligados ao aumento do risco para a ocorrência de um ataque cardíaco. "Agora, identificamos os genes responsáveis por esse risco nesses locais. Seremos capazes de usar essas descobertas como novos alvos terapêuticos", afirma, em nota.

O grupo examinou células coletadas de 151 doadores de transplante de coração previamente saudáveis em busca de informações sobre a atividade dos genes nas células musculares lisas. Essas células revestem as artérias, mas também podem servir como base para as placas de gordura que se acumulam dentro delas.

As análises indicaram valiosas informações genéticas, como diferenças significativas entre homens e mulheres nas expressões em células musculares lisas. Os cientistas disponibilizaram as descobertas em um site gratuito para que outros cientistas revisem os dados e cheguem a novas descobertas. "Esperamos que alguns desses genes sejam alvos de uma nova classe de medicamentos que visam o desenvolvimento de placas nas artérias para o benefício de milhões de pacientes", afirma Civelek.