Biodiversidade

"Produtos químicos eternos" ameaçam mais de 330 espécies selvagens

O escopo global da contaminação mostra uma grande variedade de vida selvagem atingida, incluindo muitos tipos de peixes, pássaros, répteis, anfíbios, grandes e pequenos mamíferos

Correio Braziliense
postado em 24/02/2023 06:00
 (crédito: BERTRAND GUAY)
(crédito: BERTRAND GUAY)

Mais de 330 espécies de vida selvagem podem estar sendo prejudicadas pelos PFAS, também conhecidos como "produtos químicos eternos". Um relatório divulgado pelo Environmental Working Group (EWG), a partir da análise de mais de 125 estudos, mostra que é possível detectar as substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil, conhecidas por serem quase indestrutíveis no meio ambiente, em animais de todos os continentes.

O fenômeno, enfatizam os autores, além de sinalizar a possibilidade de uma contaminação em cadeia, revela a existência de mais um significativo risco à biodiversidade. "Desde o urso polar nos confins do Ártico até a tartaruga-de-pente nos trópicos do Oceano Pacífico, as espécies mais criticamente ameaçadas do mundo têm ainda outro perigo a enfrentar: a poluição química PFAS", afirma, em nota, Nathan Donley, diretor de Ciências de Saúde ambiental do Center for Biological Diversity.

O escopo global da contaminação mostra uma grande variedade de vida selvagem atingida, incluindo muitos tipos de peixes, pássaros, répteis, anfíbios, grandes e pequenos mamíferos. Na avaliação de Tasha Stoiber, cientista sênior do EWG, o mapa traçado conta "uma história sobre esses produtos químicos" que demanda respostas imediatas. "Eles são globais, persistentes, tóxicos e estão se espalhando para animais e humanos pelo ar, pela água e pelo solo", afirma.

Os PFAS estão presentes em produtos como utensílios de cozinha (por serem antiaderentes), embalagens de alimentos, cosméticos, roupas e espumas contra incêndio. Estudos mostram que é possível identificá-los em humanos, de recém-nascidos a idosos, e associam essa exposição a complicações como supressão do sistema imunológico, infertilidade, cânceres e aumento de problemas respiratórios.

Poluição industrial

O relatório do EWG também aborda a necessidade de combater a poluição PFAS de fontes industriais. A estimativa do grupo internacional de cientistas é de que haja mais de 40 mil poluidores industriais dessas substâncias só nos Estados Unidos. "Precisamos acelerar, não atrasar, os esforços para fechar essa torneira", afirma Scott Faber , vice-presidente sênior de Assuntos Governamentais do EWG.

Também divulgado ontem, um estudo da Eternal Contamination Project mostra que a Europa está mais prejudicada por PFAS do que o imaginado. São ao menos 17 mil locais contaminados. Desses, mais de 2.100 são considerados críticos, pois superam os 100 nanogramas por litro de água, representando um perigo para a saúde humana.

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