INOVAÇÃO

Cientistas criam versão de molécula oceânica que pode tratar o Parkinson

O processo de criação envolveu uma nova utilização de um composto antigo, cujo modelo pode beneficiar outros pesquisadores envolvidos na área farmacêutica

Talita de Souza
postado em 10/02/2023 22:47 / atualizado em 10/02/2023 22:47
A molécula com potencial terapêutico para pessoas com Parkinson foi encontrada em esponjas marinhas -  (crédito: Sophia Kolesnikova/Via UCLA)
A molécula com potencial terapêutico para pessoas com Parkinson foi encontrada em esponjas marinhas - (crédito: Sophia Kolesnikova/Via UCLA)

Uma descoberta feita por químicos da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, traz um avanço importante no tratamento da doença de Parkinson e distúrbios semelhantes. O grupo criou a primeira versão sintética de uma molécula retirada de uma esponja marinha, identificada com composições terapêuticas capazes de neutralizar outras moléculas que podem danificar parte de células ou destruí-las por completo.

O objetivo dos pesquisadores em transformar a molécula, conhecida como ácido lisodendórico A e extraída de esponjas marinhas, em um composto sintético era oferecer à indústria um elemento que permita a criação de medicamentos benéficos não só para pessoas com Parkinson, mas também para outras composições que beneficiem portadores de outras doenças. O estudo foi publicado na revista Science no fim de janeiro deste ano. 

“A grande maioria dos medicamentos hoje é feita por química orgânica sintética, e um de nossos papéis na academia é estabelecer novas reações químicas que possam ser usadas para desenvolver rapidamente medicamentos e moléculas com estruturas químicas intrincadas que beneficiem o mundo”, disse Neil Garg, professor de química e bioquímica da Universidade da Califórnia e autor principal do estudo, em um comunicado à imprensa.

Segundo os pesquisadores do estudo, o processo de sintetização é desafiador porque as moléculas orgânicas possuem uma característica chamada lateralidade. Funciona assim: as moléculas existem em duas formas distintas, mas são quimicamente iguais, como uma "mão" direita e a "mão" esquerda — cada uma dessas formas é denominada de enantiômero.

O problema é que quando utilizados em produtos farmacêuticos, um dos enantiômeros podem promover benefícios, enquanto o outro pode até mesmo ser perigoso para a saúde. No laboratório, a criação de moléculas orgânicas geralmente produz uma mistura dos dois enantiômeros e o processo de remover o que traz prejuízos à saúde custa caro e provoca atrasos no processo de sintetização. Com mais demora, menos agilidade em oferecer avanços para o tratamento de doenças.

Para driblar o desafio e criar um processo de sintetização rápido e eficaz, os pesquisadores empregaram um composto quase não utilizado atualmente nos laboratórios químicos: o aleno cíclico, descoberto em 1960. O elemento é capaz de controlar uma etapa crucial na cadeia de reações químicas necessárias para produzir uma versão utilizável do ácido lisodendórico A, sem o enantiômeros ruins para a saúde.

“Os alenos cíclicos foram amplamente esquecidos desde sua descoberta, mais de meio século atrás. Isso ocorre porque eles têm estruturas químicas únicas e existem apenas por uma fração de segundo quando são gerados”, conta Neil.

Os cientistas manipulam o aleno cíclico e conseguiram criar uma versão do elemento que foi capaz de provocar uma reação química na molécula de ácido lisodendórico A que extraiu apenas o enantiômero desejado, o que é capaz de promover benefícios clínicos. A otimização do processo permitiu uma criação rápida da versão sintética da molécula recém-descoberta, o primeiro passo para testar se o elemento conseguirá produzir as melhorias em tratamentos de doença.

Além disso, os pesquisadores afirmam que o uso bem-sucedido do aleno cíclico beneficia toda a gama de cientistas envolvidos na pesquisa farmacêutica. “Ao desafiar o pensamento convencional, agora aprendemos como fazer alenos cíclicos e usá-los para fazer moléculas complicadas como o ácido lisodendórico A”, disse Neil. “Esperamos que outros também possam usar alenos cíclicos para fazer novos medicamentos”.

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