Desafios
"O objetivo principal é investigar se existem oceanos líquidos sob as crostas geladas, que possam abrigar componentes orgânicos ou mesmo vida", disse, em um comunicado, Vincent Poinsignon, gerente do projeto Juice. Para isso, os desafios serão enormes. A sonda deve lidar com temperaturas extremas, muito altas ou baixas, pois circundará a Terra, Marte e Vênus para as manobras de assistência à gravidade, com objetivo de ganhar a velocidade suficiente para alcançar a órbita de Júpiter. O ambiente frio do gigante gasoso também dificulta o armazenamento de energia. Mas, segundo Poinsingon, superados os percalços, a espaçonave abrirá caminhos infinitos: "Se você pode chegar a Júpiter, você pode fazer qualquer coisa".
Segundo Cyril Cavel, que chefiou o projeto da Juice na Airbus, o estudo dos oceanos poderá responder se existem condições para que a vida como se conhece se sustente fora da Terra. "Vamos tentar categorizar esses oceanos líquidos para checar se podem ou não conter formas primitivas de vida. Esse é o aspecto central da missão", disse, em nota.
Uma vez concluída com sucesso, a missão ajudará a entender o chamado sistema solar miniaturizado em Júpiter, explicou à agência France Presse (AFP) a chefe da interface de lançamento da sonda na Esa, Manuela Baroni. "Você pode considerar Júpiter como um gigante gasoso com esses satélites girando em torno dele. Então, pode considerá-lo um mini sistema solar. E, ao estudá-lo, podemos encontrar diferenças e semelhanças com nosso Sistema Solar, compreendê-lo melhor e entender como ele foi formado e como funciona."
Galileo
Em um evento para a imprensa, a Airbus inaugurou uma placa comemorativa, montada na sonda, para homenagear o astrônomo italiano Galileo Galilei. O cientista foi o primeiro a ver Júpiter e suas maiores luas com um telescópio, em 1610.
"A revelação da placa é um belo momento neste intenso capítulo que prepara a espaçonave para o lançamento", disse Giuseppe Sarri, gerente do projeto Juice da Esa. "Não é apenas uma oportunidade para fazer uma pausa e refletir sobre o trabalho árduo de décadas dedicado à concepção, construção e teste da espaçonave, mas também para celebrar a curiosidade e a admiração de todos que já olharam para Júpiter no céu noturno e refletimos sobre nossas origens — a inspiração por trás dessa missão.