Jornal Correio Braziliense

Três perguntas para...

Andrea Pereira, médica nutróloga do Hospital Israelita Albert Einstein e cofundadora da ONG Obesidade Brasil e do projeto Longidade

Considerando o processo de envelhecimento acelerado e o aumento da obesidade, podemos esperar uma epidemia da síndrome da fragilidade de idosos?

Temos duas populações que aumentam no mundo todo, a acima dos 60 anos e a das pessoas com obesidade. E a síndrome de fragilidade já é uma grande preocupação, portanto, considerando esses dois aspectos, teremos muitos mais casos de síndrome de fragilidade.

Um dos fatores de risco para a fragilidade do idoso é a falta de atividade física. A obesidade pode ter um papel no sedentarismo?

As pessoas com obesidade têm mais dificuldade de praticar atividade física, além de ser difícil encontrar locais, roupas e condições adequados para a sua prática. Isso faz com que exista uma tendência ao sedentarismo nesse grupo de pessoas. Porém, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais sedentário da América Latina, portanto precisamos pensar seriamente nas consequências futuras disso.

A senhora acredita que as políticas públicas de saúde e as recomendações das sociedades médicas estão preparando bem as pessoas para um envelhecimento saudável?

Infelizmente, faltam políticas públicas de prevenção para a obesidade e que garantam um envelhecimento saudável. As recomendações baseadas em dados científicos são os pilares das sociedades médicas, porém não são praticadas efetivamente pelo serviço público brasileiro. Temos um grande trabalho pela frente.