Jornal Correio Braziliense

Três perguntas para...

Professora da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins em Baltimore

Wendy Bennet, professora da Escola de Medicina Johns Hopkins
Johns Hopkins/Divulgação - Wendy Bennet, professora da Escola de Medicina Johns Hopkins

Alguns estudos detectaram uma associação entre jejum intermitente e perda de peso, enquanto outros, como o atual, não encontraram benefícios. O que poderia explicar essas discrepâncias?

As descobertas discrepantes podem ser devido à falta de formas padronizadas para definir ou medir os comportamentos alimentares e o momento de comer. Também é possível que diferentes desenhos de estudo ou diferentes ajustes de fatores que poderiam gerar confusões, como forma de controle de viés, contribuam para as diferenças nas descobertas. Para evitar discrepâncias, haverá a necessidade de ensaios clínicos randomizados bem desenhados.

É possível que o jejum intencional, não apenas quando você está dormindo, tenha algum benefício?

Jejuar é o mesmo que restringir sua janela de alimentação, pois, quando você não está comendo, está jejuando. Não conseguimos abordar a intenção de jejuar neste estudo. Pedimos aos participantes que usassem um aplicativo para registrar quando comiam, mas não perguntamos se pretendiam jejuar durante períodos prolongados sem comer.

Do ponto de vista clínico, quais são as principais implicações do artigo?

A principal implicação é que restringir sua janela de alimentação (ou seja, comer em menos tempo, ter mais tempo de jejum) pode não reduzir o ganho de peso ao longo do tempo. Já comer menos refeições volumosas está associado a um menor ganho de peso ao longo do tempo. Outros estudos mostram que as pessoas podem usar uma alimentação com restrição de tempo ou jejum intermitente para ajudá-las a reduzir a ingestão calórica e, assim, perder peso. Portanto, o jejum ainda pode ser uma ferramenta útil de perda de peso para algumas pessoas que resolvam aderir a ela.