Jornal Correio Braziliense

Duas perguntas para...

Vladimir Melo, doutor em psicologia pela Universidade Católica de Brasília (UCB)

Desde o início da pandemia, pesquisas mostram o aumento da ansiedade, bem como uma dependência mais profunda de redes sociais próximas, como familiares. Por que esse fenômeno acontece?

A sensação de vulnerabilidade e a necessidade de proteção se tornaram mais importantes durante a pandemia, sobretudo no início. O contato com a possibilidade de morte foi um forte estressor que fortaleceu as famílias. Ainda que a convivência tenha sido intensificada e gerado conflitos em vários lares, a angústia da perda e da própria morte proporcionou uma revisão de valores.

O que explica os laços sociais, principalmente com a família, terem levado a melhores comportamentos de saúde durante a crise da covid-19?

A coesão de um sistema grupal reduz a ansiedade pela sensação de proteção. Cada indivíduo assume um papel, o grupo assume cuidados com os mais vulneráveis e uma liderança (ou mais de uma) emerge como referência. Naturalmente, o estresse fica sob controle, uma vez que, para um único indivíduo, é difícil lidar com todas essas ameaças sem qualquer suporte.