Jornal Correio Braziliense

Se persistir, procure ajuda

 Manali Mukherjee, professor assistente, Departamento de Medicina, McMaster University
McMaster University/Divulgação - Manali Mukherjee, professor assistente, Departamento de Medicina, McMaster University

Como o estudo israelense não incluiu pacientes infectados pela variante ômicron, a mais prevalente no mundo desde o ano passado, é possível que os resultados não se apliquem a quem teve a doença nesse período, destaca Lawrence Purura, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, que não participou da pesquisa.

"Felizmente, estamos vendo menos casos de covid longa nos últimos meses. Há algumas razões que podem contribuir, por exemplo, a vacinação. Também suspeito que as novas subvariantes da ômicron sofreram mutações ao ponto em que estão agindo de forma muito diferente que o vírus original e a delta", diz. Purura explica que a ômicron causa mais infecções no trato respiratório superior. "Então, temos menos complicações pulmonares, menos condições neurocognitivas e menos sintomas como fadiga crônica e tontura", completa.

Inflamações

Líder de um estudo sobre o impacto da autoimunidade (quando o organismo passa a atacar os próprios órgãos) na covid longa, a infectologista Manali Mukherjee, da Universidade McMaster, no Canadá, acrescenta que, depois de um ano, pessoas ainda com as sequelas precisam de acompanhamento médico. "Geralmente, os pacientes não devem se preocupar se se sentirem mal logo após a infecção, pois as chances de recuperação em um ano são muito altas, e, só porque você tem sintomas da covid longa por alguns meses, não significa que eles permanecerão", diz. "No entanto, após 12 meses, se ainda se sentir mal e os sintomas persistirem ou piorarem, você, definitivamente, deve procurar atendimento médico", afirma.

Segundo a médica, independentemente da gravidade da covid, pacientes que, depois de um ano, continuam com os sintomas têm mais anticorpos associados a doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, e níveis mais elevados de citocinas, substâncias inflamatórias, no organismo. Esses biomarcadores podem aumentar o risco do desenvolvimento de enfermidades mais graves, exigindo o acompanhamento de um especialista que, no caso, é o reumatologista, lembra Mukherjee.