Doces, refrigerantes, laticínios e cereais. Alimentos com corante que são consumidos quase diariamente por crianças, que liberam serotonina imediata no corpo, mas que acendem alerta quanto a exposição contínua às substâncias encontradas nesse tipo de comida. Um estudo realizado por pesquisadores da McMaster University mostrou que o consumo a longo prazo do corante alimentar Allura Red pode ser um potencial desencadeador de doenças inflamatórias intestinais (DIIs), doença de Crohn e colite ulcerativa.
O corante Allura Red é usado para adicionar cor e textura aos alimentos, muitas vezes para atrair as crianças. Quando ele entra no organismo, interrompe diretamente a função da barreira intestinal e aumenta a produção de serotonina, um hormônio/neurotransmissor encontrado no intestino, que subsequentemente altera a composição da microbiota intestinal, levando ao aumento da suscetibilidade à colite.
Para análise, os pesquisadores induziram, durante 84 dias, camundongos machos e fêmeas com idades entre 8 e 12 semanas a alimentação personalizada, com o corante, e a alimentação controle, sem a substância. Assim, descobriram que o consumo desse corante pode estar associado a um gatilho para doenças inflamatórias intestinais.
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“Este estudo demonstra efeitos nocivos significativos do Allura Red na saúde intestinal e identifica a serotonina intestinal como um fator crítico mediador desses efeitos. Essas descobertas têm implicações importantes na prevenção e no tratamento da inflamação intestinal”, disse Waliul Khan, da McMaster University e principal autor do estudo.
Para Elisa de Carvalho, chefe do serviço de Gastro do Hospital da Criança de Brasília, este é um alerta muito importante. “Está havendo um aumento da prevalência destas doenças em crianças, com formas graves. Além disso, aumento dos casos de alergias alimentares e, inclusive, o surgimento de novas doenças como esofagite eosinofílica”, lamentou.
O autor do texto, publicado na Nature Communications, lembrou que as DIIs são condições inflamatórias crônicas graves do intestino humano que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. “Embora suas causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, estudos mostraram que respostas imunes desreguladas, fatores genéticos, desequilíbrios da microbiota intestinal e fatores ambientais podem desencadear esses problemas”, disse.
Ele finalizou dizendo que os gatilhos ambientais para DIIs incluem a dieta ocidental típica, que inclui gorduras processadas, carnes vermelhas e processadas, açúcar e falta de fibras. O autor acrescentou que a dieta ocidental e os alimentos processados também incluem grandes quantidades de vários aditivos e corantes.