A fissão nuclear é usada em usinas nucleares espalhadas pelo mundo. Apesar de não lançar gases responsáveis pelo efeito estufa, esse processo gera impactos — os resíduos radioativos são perigosos para os seres humanos. "Ela é boa para o clima, mas perigosa para a humanidade", resume Euclydes Marega Junior, professor do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).
Já o resultado da fusão nuclear é considerado limpo porque não produz nem resíduos radioativos nem gases de efeito estufa. Outra diferença é o procedimento adotado em caso de problemas durante a produção de energia. "Ao contrário da fissão, a fusão não acarreta o risco de um acidente nuclear. Se houver uma falha no sistema, a reação é simplesmente interrompida" explica, à agência France-Presse de notícias (AFP), Erik Lefebvre, chefe de projetos da Comissão de Energia Atômica da França (CEA).
O processo, porém, só é possível quando se aquece materiais a temperaturas extremamente altas, acima de 100 milhões de graus Celsius, o que é considerado, na avaliação de especialistas, um obstáculo a ser superado. "É preciso encontrar mecanismos para isolar essa matéria extremamente quente de tudo que poderia esfriá-la", afirma Lefebvre.
Ele enfatiza que se trata de uma "fonte de energia totalmente descarbonizada", considerada "uma solução futura para os problemas energéticos em escala global". Segundo Lefebvre, o estado de desenvolvimento atual da fusão faz com que ela não represente uma solução imediata para a crise climática e para a necessidade de uma rápida transição de energias fósseis. "O caminho ainda é muito longo até uma demonstração em escala industrial e que seja comercialmente viável", avalia. A estimativa dele é que projetos do tipo demandem mais 20 ou 30 anos de trabalho.