Uma enzima que defende as células humanas contra vírus pode ajudar a evolução do câncer para uma malignidade maior, causando inúmeras mutações, de acordo com um estudo de pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos. A descoberta sugere que esse pode ser um alvo potencial para futuros tratamentos oncológicos.
No estudo, publicado na revista Cancer Research, os cientistas usaram um modelo pré-clínico de câncer de bexiga para investigar o papel da enzima APOBEC3G no desenvolvimento da doença. Os pesquisadores descobriram que ela aumentou significativamente o número de mutações nas células tumorais, promovendo a diversidade genética dos cânceres no órgão e acelerando a mortalidade.
A APOBEC3 é capaz de modificar o RNA ou o DNA, alterando quimicamente um nucleotídeo citosina (letra "C" no código genético). O papel normal dessa enzima é combater retrovírus, como o HIV. Ela tenta impedir a replicação viral por meio da mutação das citosinas no genoma viral. Porém, no caso do câncer de bexiga, em vez de eliminar um micro-organismo invasor, a APOBEC3 favorece o crescimento e a agressividade tumoral.
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Ampla evidência
Na pesquisa, os cientistas utilizaram camundongos nos quais foram implantadas células de câncer de bexiga. Identificando a assinatura mutacional específica da APOBEC3G e mapeando-a nos genomas do tumor, a equipe encontrou ampla evidência de que a enzima causou uma maior carga mutacional e diversidade genômica nos tumores, provavelmente representando a maior malignidade e mortalidade nos camundongos com a enzima que, naturalmente, só está presente em seres humanos.
Por fim, os pesquisadores procuraram a assinatura mutacional da APOBEC3G em um banco de dados de DNA de tumor humano amplamente utilizado, o Cancer Genome Atlas, e descobriram que essas mutações parecem ser comuns em cânceres de bexiga e estão ligadas a piores prognósticos. "Nossas descobertas sugerem que o APOBEC3G é um grande contribuinte para a evolução do câncer de bexiga e deve ser considerado como um alvo para futuras estratégias de tratamento", disse o autor sênior do estudo, Bishoy M. Faltas.
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