A teoria da mente é a capacidade dos seres humanos de reconhecer no outro aquilo que está sentindo. Trata-se de um conceito abstrato, mas o teste Reading the Mind in The Eyes (Leitura da Mente pelos Olhos, em tradução livre) tem o objetivo de medir essa capacidade de perceber a emoção do outro e classificá-la. Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) mostra que o resultado das mulheres no teste é, em média, melhor do que o dos homens.
A equipe de pesquisadores liderada pela Universidade de Cambridge, com colaboradores nas universidades Bar-Ilan, Harvard, Washington e Haifa, analisou amostras de diferentes plataformas on-line e chegou aos dados de 305.726 pessoas, em 57 países, que responderam ao teste. Em 36 países, as mulheres atingiram pontuação maior que a dos homens; em 21, a pontuação foi semelhante. Em nenhum, os homens se saíram melhor. Os respondentes tinham entre 16 e 70 anos.
Colocar-se no lugar de outras pessoas, imaginar os pensamentos e sentimentos e compreendê-los é chamado por especialistas de empatia cognitiva. Dessa forma, na avaliação do principal autor do estudo, David M. Greenberg, de Cambridge, os resultados obtidos podem fortalecer a crença de que as mulheres são mais empáticas do que os homens.
"Nossos resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que o conhecido fenômeno de que as mulheres são, em média, mais empáticas do que os homens está presente em uma ampla gama de países. Apenas usando conjuntos de dados muito grandes pode-se dizer isso com confiança", diz.
Diretora de Pesquisa Aplicada do Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade de Cambridge, Carrie Allison avalia que as conclusões permitem aferir uma diferença 'clara' entre os sexos. "Esse estudo demonstra claramente uma diferença de sexo amplamente consistente entre países, idiomas e idades. Isso levanta novas questões para pesquisas futuras sobre os fatores sociais e biológicos que podem contribuir para a diferença média observada entre os sexos na empatia", afirma a também integrante do grupo de pesquisa.
Ponderação
A neuropsicóloga clínica Valeska Kouzak analisa os resultados. "As mulheres podem ter mais capacidade de identificação da emoção do outro, o que pode indicar uma diferença no processamento da emoção, mas não necessariamente indicar que o homem vai ser um ser que não reconhece emoções", justifica.
A especialista explica que a empatia cognitiva está ligada ao lobo frontal, parte da frente do cérebro, principalmente no hemisfério direito. "As mulheres têm o corpo caloso (ligação entre os dois hemisférios) maior do que os homens. Devido a isso, pode existir maior conectividade e, consequentemente, uma leitura mais clara desse tipo de informação", acrescenta.
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