A cápsula Orion, da agência espacial americana Nasa, atingiu um marco importante em sua missão ao redor da Lua.
Na segunda-feira (28/11), ela chegou a uma distância de cerca de 430 mil km da Terra — o mais longe que qualquer espaçonave projetada para transportar seres humanos já viajou.
A cápsula está sem tripulação. Mas se ela completar o voo atual sem incidentes, haverá astronautas a bordo na próxima viagem dentro de dois anos.
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A Nasa está planejando uma série de missões cada vez mais complexas com a Orion.
Elas fazem parte do programa Artemis da agência, que tem como objetivo levar astronautas de volta à superfície lunar após um intervalo de 50 anos.
O marco alcançado na segunda-feira representa o ponto intermediário da missão.
"O ponto intermediário nos oferece a oportunidade de dar um passo atrás e, em seguida, olhar para quais são nossas margens e onde poderíamos ser um pouco mais inteligentes para reduzir o risco e entender o desempenho da espaçonave para um voo tripulado na próxima missão", diz Mike Sarafin, gerente da missão Artemis da Nasa.
A Orion tem transmitido vídeos espetaculares de sua jornada. Pouco antes de alcançar a distância recorde, ele registrou imagem da Lua se movendo na frente da Terra.
A cápsula foi lançada do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, no dia 16 de novembro em uma missão de 26 dias, projetada para testar seus sistemas e garantir que seja seguro transportar astronautas.
A Orion está sendo impulsionada pelo espaço por um módulo de serviço fornecido pela Agência Espacial Europeia (Esa, na sigla em inglês). Este veículo incorpora os grandes propulsores necessários para fazer manobras.
O módulo da Esa acionou seus motores na semana passada para colocar a Orion em uma trajetória ao redor da Lua conhecida como órbita retrógrada distante.
É chamada de "distante" porque a trajetória coloca a Orion longe da superfície da Lua (61 mil km) e "retrógrada" porque envia a cápsula na direção oposta à direção que o corpo lunar se movimenta.
Serão necessárias mais duas manobras nos próximos dias para colocar a cápsula na trajetória correta para voltar à Terra.
A espaçonave deve cair no Oceano Pacífico, perto de San Diego, na Califórnia, em 11 de dezembro.
Os controladores estão satisfeitos com seu desempenho até o momento. A Orion, com seu módulo condutor da Esa, usou muito menos combustível do que o esperado. Também gerou mais energia do que o previsto, além de estar sendo bastante econômica com seu consumo de energia.
O recorde anterior para o ponto mais distante alcançado por uma espaçonave para transportar astronautas foi estabelecido pela missão Apollo-13 em abril de 1970.
Ela chegou a 400.171 km da Terra enquanto sua tripulação lutava para voltar para casa após uma explosão no módulo de serviço da cápsula.
Um dos manequins a bordo do Orion foi apelidado de "comandante Moonikin Campos" em homenagem a Arturo Campos, engenheiro da Nasa que desempenhou um papel fundamental ao ajudar a trazer a problemática Apollo 13 de volta.
A primeira missão tripulada da Artemis está atualmente programada para o final de 2024. Um voo da Orion no qual astronautas desceriam à superfície lunar poderia ocorrer já em 2025 ou 2026.
"Claro, a Artemis se baseia na Apollo", diz o administrador da Nasa, Bill Nelson.
"Não só estamos indo mais longe e voltando para casa mais rápido, como a Artemis está abrindo caminho para se viver e trabalhar no espaço profundo em um ambiente hostil, para inventar, criar e, finalmente, seguir com humanos para Marte."
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63792326