Jornal Correio Braziliense

Danos além da boca

"Os cigarros eletrônicos são como o cigarro tradicional: uma mistura química complexa de quase 2 mil substâncias de natureza ignorada. Eles vão provocar as mesmas doenças que os cigarros tradicionais. A questão vai ser o tempo para elas se mostrarem. As doses de nicotina no cigarro eletrônico são muito mais altas. Portanto, seu poder de provocar dependência é mais elevado. Além disso, existem riscos específicos, como a inalação de metais. Então, sabemos que tem níquel, latão, cobre, cromo, uma série de substâncias. Por exemplo, os estudos mostraram que o nível de níquel é entre duas a 100 vezes maior nos usuários de cigarros eletrônicos do que nos cigarros convencionais. O níquel já foi relacionado com outros desfechos ruins para o usuário de cigarro eletrônico, como o câncer de pulmão e o câncer de seios paranasais. Então, não, o cigarro eletrônico não é só vapor de água."

Paulo Corrêa, pneumologista e coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia