Depois de dois dias de discursos na Cúpula dos Líderes, as negociações na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) em Sharm el-Sheik, no Egito, aconteceram, ontem, a portas fechadas. Em uma semana crítica para a discussão sobre financiamento, o enviado climático dos Estados Unidos, John Kerry, anunciou uma iniciativa global de comércio de créditos de carbono para países em desenvolvimento fazerem a transição para formas mistas de energia.
O plano de compensação terá contribuições públicas e privadas, disse Kerry, e alguns países, como Chile, já demonstraram interesse. "Nossa intenção é colocar o mercado de carbono para trabalhar para empregar capital e acelerar a transição de energia suja para a limpa especificamente, para aposentar a energia a carvão e acelerar a construção de energias renováveis", disse. Porém, créditos de carbono levantam desconfiança de ambientalistas e especialistas em políticas climáticas porque, basicamente, significa investir na descarbonização de nações em desenvolvimento em troca de reduzir mais timidamente as próprias emissões de gases de efeito estufa.
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Informalmente, Estados Unidos e China conversaram, disse o enviado climático do país asiático à COP27, Xie Zhenhua. Porém, o diplomata criticou a postura norte-americana quanto à criação de um fundo que compense nações em desenvolvimento e emergentes pelos danos já causados devido às mudanças climáticas. Segundo Xie, os EUA "fecharam as portas" para as negociações climáticas e precisam reabri-las.
O mecanismo citado pelo negociador da China, o de perdas e danos, começa a avançar em Sharm el-Sheikh depois de entrar, pela primeira vez, na agenda oficial de uma COP. A Alemanha anunciou uma contribuição de 170 milhões de euros, a Dinamarca se comprometeu com 13 milhões. Já a Irlanda prometeu 10 milhões, a Áustria, 50 milhões, a Escócia, 7 milhões, e a Bélgica, 2,5 milhões.
"Seria justo que os principais poluidores, particularmente aqueles envolvidos no uso histórico de combustíveis fósseis, seguissem o exemplo", disse o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, que preside a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), citado pela agência France-Presse.