Na revista Cell, uma pesquisa da Escola de Medicina Geisel de Dartmouth e da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, aprofundou o conhecimento sobre a base neurobiológica dos transtornos do espectro do autismo. De acordo com os autores, o estudo pode ajudar a desenvolver terapias para condições associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) que podem interferir no desenvolvimento do indivíduo.
Nos últimos anos, os pesquisadores estabeleceram uma forte associação entre certos genes mutantes e TEA. Um dos mais comuns é chamado de PTEN, que normalmente funciona para controlar o crescimento celular e regular a capacidade dos neurônios de alterar a força de suas conexões. Quando mutado, o PTEN associa-se não apenas ao autismo, mas também à macrocefalia e à epilepsia.
"Em estudos anteriores, nosso laboratório e muitos outros mostraram que as mutações do PTEN resultam em um aumento no número de conexões sinápticas entre neurônios em camundongos, o que acreditamos ser a base fundamental para os sintomas exibidos por algumas pessoas com TEA", explica Bryan Luikart, PhD, professor associado de biologia molecular em Dartmouth.
Crescimento
Para simular, nos animais, as mutações genéticas encontradas em pessoas com autismo, Luikart projetou um vírus para substituir o PTEN natural do camundongo pelo gene PTEN humano mutante. Os autores usaram imagens sofisticadas e técnicas eletrofisiológicas para estudar como a função neuronal foi alterada nos animais. "Essencialmente, o que descobrimos é que o gene mutante faz o neurônio crescer duas vezes o tamanho de um neurônio normal e, ao fazê-lo, forma cerca de quatro vezes o número de conexões sinápticas com outros neurônios", diz Luikart.
Além disso, o cientista disse que uma substância chamada rapamicina inibiu o supercrescimento neuronal e as sinapses associadas ao PTEN modificado. Um ensaio clínico recente, quando a rapamicina foi administrada a crianças, mostrou algum benefício para os sintomas do autismo. "Uma ressalva é que nosso trabalho está indicando que, para ter a melhor chance de conseguir um efeito terapêutico, essas mudanças genéticas associadas ao TEA realmente precisam ser direcionadas antes do início dos sintomas", ressalta.
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