Enquanto representantes de mais de 190 países discutem, no Egito, como evitar uma tragédia climática, um estudo internacional mostra que as emissões globais de gases de efeito estufa continuam aumentando. A projeção para 2022, considerando a queima de combustíveis fósseis e mudança no uso da terra (desmatamento), é de 41,1 gigatoneladas de CO2. Embora a poluição por essa segunda fonte tenha registrado um leve declínio em relação a 2021, o uso de petróleo, gás natural e carvão aumentou, exceto na China, onde os bloqueios associados à covid-19 continuam.
O estudo Global Carbon Budget, do Centro de Pesquisa Climática Internacional (Cicero), com sede na Noruega, destaca que, de 2012 a 2021, Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo contribuíram com mais da metade das emissões globais pela mudança do uso da terra. Porém, o maior responsável pelas concentrações recorde de gases de efeito estufa na atmosfera é o setor energético, baseado na queima de combustíveis fósseis. "Apesar de uma impressionante variedade de políticas e promessas exibidas na COP27, os dados históricos revelam uma história contrastante, onde as emissões continuam a crescer", disse Ida Sognæs, pesquisador Sênior do Cicero.
Segundo o relatório, as emissões causadas pela queima de combustíveis fósseis devem superar os níveis pré-covid (2019). Em 2020, devido à pandemia, houve redução de 5,4%. No ano passado, elas aumentaram 5,1%. Agora, em 2022, pelos cálculos dos cientistas, estarão 1% acima do registrado nos 12 meses anteriores. Combustível de aviação e uso de carvão estão por trás dos maiores aumentos neste ano.
O estudo mostra que, nos últimos 10 anos, as emissões por combustíveis fósseis aumentaram 0,6% anualmente. O lançamento, na atmosfera, de gases de efeito estufa por essa fonte é 5% maior que em 2015, quando foi assinado o Acordo de Paris. Glen Peters, diretor de pesquisas do Cicero, lembra que, nos últimos anos, houve diversas oportunidades para colocar o mundo em um caminho mais limpo do ponto de vista energético: a crise financeira global de 2008/2009, a pandemia da covid e, agora, a guerra com a Ucrânia.
Porém, o relatório de mais de 90 páginas mostra que as emissões atribuídas aos diversos combustíveis fósseis continuam subindo. De acordo com o artigo, espera-se um aumento de 2,2%, em 2022, pela queima de petróleo e 1% por carvão. Já a poluição por gás natural deve cair 0,2%. "É um erro pensar que a transição energética será uma transição suave, não temos tempo disponível", afirma um dos autores, Pep Canadell, diretor do Projeto Carbono Global do Cicero.
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Também em 2023
O relatório indica, ainda, que não há previsão de queda nas emissões por combustíveis fósseis. "Dado que se espera uma recuperação total do uso de petróleo em 2023, se o de carvão ou gás continuar estável ou aumentar, então é provável que as emissões globais de CO2 por combustíveis fósseis continuarão a crescer, sem uma política de esforços concentrados", comenta Robbie Andrew, pesquisador do centro de pesquisa.
A Índia é a que mais tem contribuído para o fenômeno em 2022, com um crescimento projetado de 6%, especialmente devido ao uso de carvão. A previsão para os EUA é de 1,5%, enquanto a China deve passar por um declínio de 0,9%, atribuído, especialmente, aos bloqueios constantes associados à covid-19, e a União Europeia, a uma queda de 0,8%. Junto, o restante do mundo elevou em 1,7% a poluição por essa fonte, segundo o documento.
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