Neurônios "gulosos"

Correio Braziliense
postado em 21/10/2022 06:00
 (crédito: Cold Spring Harbor Laboratory/Divulgação )
(crédito: Cold Spring Harbor Laboratory/Divulgação )

Pesquisadores do Laboratório de Cold Spring Harbor, nos Estados Unidos, descobriram que uma área do cérebro chamada amígdala pode ser a culpada por se comer alimentos não saudáveis, a chamada junk food. O cientista Bo Li detectou um grupo de neurônios nessa região que leva camundongos a escolher produtos gordurosos ou açucarados, mesmo quando não estão com fome. Segundo ele, abordagens direcionadas a essas células podem levar a novos tratamentos para obesidade, com efeitos colaterais mínimos.

Como a maioria das pessoas, os ratos também tendem a achar os alimentos ricos em gordura e açúcar os mais saborosos. Eles podem se entregar a essas guloseimas por prazer, e não por sobrevivência.

Os neurônios que Li estudou desencadeiam esse comportamento, chamado de alimentação hedônica. "Mesmo que o animal deva parar de comer porque já está cheio, se esses neurônios ainda estiverem ativos, isso ainda pode levar esses animais a comer mais", destacou Li, em um comunicado de imprensa.

Efeitos colaterais

A preocupação do pesquisador é que poucas pessoas que tratam obesidade conseguem controlar o peso em longo prazo, pois os processos metabólicos no organismo geralmente revertem qualquer progresso feito. Tratamentos disponíveis podem ajudar a aumentar as chances de sucesso, mas muitos medicamentos têm efeitos colaterais indesejados ou têm preços pouco acessíveis. "Portanto, é necessária uma abordagem mais direcionada", disse Li. "Identificar o circuito cerebral que controla a alimentação é importante para desenvolver melhores opções para pessoas que lutam para controlar seu peso".

Quando a equipe desligou os neurônios específicos, os camundongos não foram atraídos pelos alimentos gordurosos e açucarados que os haviam tentado antes. "Eles apenas comeram alegremente e permaneceram saudáveis", contou Li. "Eles não apenas pararam de ganhar peso, mas também pareciam muito mais saudáveis em geral". Desativar essas células reduziu os excessos e protegeu os animais contra a obesidade. Também impulsionou a atividade física, levando à perda de peso e melhor saúde metabólica.

Li está explorando maneiras de manipular os neurônios que desencadeiam a alimentação hedônica. O próximo passo, informou ele, é mapear como essas células respondem a diferentes tipos de alimentos e ver o que as torna tão sensíveis à junk food. Ele espera que, assim, surjam novas estratégias para terapias anti-obesidade eficazes.

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