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Covid-19 induz inflamação cerebral; idosos são mais vulneráveis

Ao comparar animais jovens e idosos, ficou claro que a infecção viral foi exacerbada nos com mais tempo de vida

Correio Braziliense
postado em 14/10/2022 06:00
 (crédito: Danielle Beckman/UC Davis)
(crédito: Danielle Beckman/UC Davis)

Um experimento com ratos conduzido por cientistas da Universidade da Califórnia Davis (UC Davis) mostra como o Sars-CoV-2, causador da covid-19, infecta neurônios, induzindo a inflamação cerebral e causando danos significativos. O estudo, publicado na revista Cell Reports, mostra ainda que os prejuízos neurológicos foram piores em cobaias idosas e com diabetes tipo 2, complicação comum na velhice.

Macacos rhesus jovens e saudáveis e animais idosos com a doença metabólica foram inoculados com o novo coronavírus e comparados a cobaias não infectadas e pareadas por idade e condição clínica. Sete dias depois, a equipe identificou o Sars-CoV-2 no tecido cerebral dos primatas, bem como em diferentes células cerebrais.

Uma das constatações foi a de que o patógeno atinge o cérebro por transporte pelo nariz ao longo do nervo olfativo. “As descobertas não deixam dúvidas de que o vírus estava entrando no cérebro e danificando as células cerebrais ao longo do caminho”, afirma, em nota, a primeira autora Danielle Beckman, pesquisadora de pós-doutorado na UC Davis.

Demência

Ao comparar animais jovens e idosos, ficou claro que a infecção viral foi exacerbada nos com mais tempo de vida. Isso porque, embora o vírus tenha sido encontrado principalmente no córtex olfativo primário em todos os animais inoculados, ele se espalhou ainda mais nas cobaias idosas.

Nesses animais, marcadores celulares do Sars-CoV-2 foram detectadas em regiões do cérebro envolvidas na emoção, na memória e na cognição. Essas descobertas levantam preocupações sobre possíveis picos de doenças neurodegenerativas e vulnerabilidade a doenças relacionadas à demência. "Nos macacos idosos, o vírus está infectando neurônios em regiões conhecidas por serem altamente vulneráveis à doença de Alzheimer", disse John Morrison, professor de neurologia da UC Davis.

Apesar de os efeitos terem sido observados em macacos, os autores avaliam que a descoberta fornece uma estrutura para estudar os sintomas neurológicos de longo prazo ligados à covid-19 em humanos. Estudos recentes indicam que esse tipo de complicação acomete em torno de 80% dos infectados pelo Sars-CoV-2.

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