Uma oficina de armas

Correio Braziliense
postado em 14/10/2022 06:00

Muitos fósseis primitivos de Homo sapiens foram encontrados no sudeste da Europa, presumivelmente porque eles entraram no continente pela primeira vez através da Península Balcânica. Ainda assim, poucos fósseis foram encontrados em associação com restos culturais. Um artigo publicado na última edição da revista Scientific Reports fornece insights sobre a vida e o artesanato dos primeiros humanos modernos na Europa, há cerca de 40 mil anos.

O trabalho de um grupo internacional de cientistas relata escavações recentes no oeste da Romênia, em Româneti, considerado uma importante região para observar como os primeiros Homo sapiens europeus lidaram com seus novos ambientes. Os pesquisadores descobriram que os artefatos em Româneti eram voltados para a produção de lâminas de pedra lascada altamente padronizadas e que elas poderiam ter composto flechas ou lanças.

Além disso, pedras de amolar específicas podem ter sido usadas para endireitar hastes de madeira, sugerindo que Româneti era uma espécie de oficina de projéteis. Isso é corroborado ainda por análises microscópicas das superfícies dos artefatos, que demonstram que a maioria deles não foi utilizada.

Com base em evidências geoquímicas, os autores acreditam que as peças eram levadas para locais a mais de 300km de distância. Segundo os autores, os resultados das novas escavações em Româneti indicam mudanças nas formas de subsistência do homem moderno em comparação com os neandertais, ajudando a explicar o sucesso do primeiro.

"Fósseis contemporâneos próximos indicam que Homo sapiens e os neandertais se cruzaram, mas ainda não sabemos o que isso significa para as maneiras pelas quais seus estilos de vida mútuos estavam mudando e como podemos ver isso em seus restos arqueológicos", disse Jacopo Gennai, do Instituto de Arqueologia da Universidade de Colônia. "O próximo passo é tentar elaborar a relação desses primeiros Homo sapiens com os primeiros neandertais." Além da Universidade de Colônia, na Alemanha, participaram da escavação as universidades de Leiden, na Holanda, e de Pisa, na Itália.

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