Em adolescentes com problemas de concentração, o ácido graxo ômega-3 está associado a uma maior capacidade de atenção seletiva e à menor impulsividade, segundo um estudo do Instituto de Saúde Global de Barcelona, na Espanha. A pesquisa foi publicada na edição de outubro da revista European Child & Adolescent Psychiatry.
Durante a adolescência, ocorrem importantes mudanças estruturais e funcionais no cérebro, principalmente na área pré-frontal, que desempenha um papel importante no controle da atenção. Por outro lado, os ácidos graxos ômega-3 são conhecidos por serem críticos para o desenvolvimento e função adequados do cérebro. O mais abundante no órgão, é o DHA, fornecido principalmente pela ingestão de peixes gordurosos.
"Apesar da importância estabelecida do DHA no desenvolvimento do cérebro, poucos estudos avaliaram se ele desempenha um papel no desempenho da atenção de adolescentes saudáveis", diz Jordi Júlvez, coordenador do estudo. "Além disso, o possível papel do ácido alfa-linoleico (ALA), outro ômega-3, mas de origem vegetal, não foi tão amplamente estudado", acrescenta. Isso é relevante, dado o baixo consumo de pescado nas sociedades ocidentais.
O objetivo do estudo foi determinar se uma maior ingestão de DHA e ALA estava associada a um melhor desempenho da atenção em um grupo de 332 adolescentes de diferentes escolas de Barcelona. Os participantes foram submetidos a testes computadorizados que medem os tempos de reação para determinar a capacidade de atenção seletiva e sustentada, e de inibição diante de estímulos distrativos, que deflagram a impulsividade. Os jovens também responderam a uma série de perguntas sobre hábitos alimentares e forneceram amostras de sangue para medir os níveis de glóbulos vermelhos dos micronutrientes.
Os resultados mostram que níveis mais altos de DHA estão associados a maior atenção seletiva e sustentada e atenção inibitória. Em contraste, o ALA não foi relacionado a esse desempenho, mas parece reduzir a impulsividade. "O papel do ALA no controle da atenção ainda não está claro, mas essa descoberta pode ser clinicamente relevante, pois a impulsividade é uma característica de várias condições psiquiátricas, como o transtorno do deficit de atenção e hieperatividade (TDAH)", explica Ariadna Pinar-Martí, primeira autora do estudo.
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