ESTÉTICA

Cantora Rosana aparece quase irreconhecível: qual o preço da beleza?

De acordo com especialista, estar sempre insatisfeito e sofrendo com a própria aparência é um forte indício de que algo está errado

Sumida da mídia, a cantora Rosana, de 68 anos, surpreendeu os telespectadores ao participar do quadro Lip Sync, do programa Domingão com Huck. Ícone dos anos 80, Rosana apareceu com um rosto que parece ter sido bastante alterado com procedimentos estéticos, chegando a ser comparada com o Ken Humano.

A aparição dividiu opiniões nas redes sociais: "Rosana no 'Domingão', quase não reconheci', escreveu uma seguidora no Twitter. "Rosana está muito diferente", postou outro. "A mulher é completamente outra", opinou um terceiro.

Segundo o biomédico mestre em medicina estética, fisioterapeuta dermatofuncional e criador do método Harmonização Corporal, Thiago Martins, graças aos avanços tecnológicos aplicados na área da estética, existe, atualmente, um arsenal de procedimentos e tratamentos com intuito de trazer bem-estar e autoestima aos pacientes. O problema, entretanto, é quando acontece uma busca desenfreada por esses tratamentos.

O biomédico esclarece que o fato de o paciente estar sempre insatisfeito e sofrendo com a própria aparência é um forte indício de que algo está errado. "Em casos assim, haverá sempre uma busca incessante por procedimentos para mudar algo na face ou no corpo e isso nunca será o suficiente. Isso já se torna um forte indício de que o indivíduo sofre de um transtorno conhecido como Transtorno Dismórfico Corporal. É como se ele(a) enxergasse em si defeitos inexistentes", afirma.

Antes de qualquer procedimento, Martins explica que deve ser realizada uma consulta para avaliar qual o desejo do paciente e expor a ele a realidade do que pode ser feito e o que é mais indicado para aquele caso específico. "Acredito que o bom senso e a conversa sincera são fundamentais para que o indivíduo entenda até onde o profissional pode ir ou não. Existem padrões anatômicos, por exemplo, que devem ser seguidos à risca e que, se não forem feitos, podem gerar prejuízos à saúde do paciente".

Thiago ressalta que, durante a consulta, o especialista também deve estar atento à motivação do paciente. Para ele, um bom profissional deve avaliar se a demanda trazida pelo paciente é prejudicial, ou não e se irá ajudar a resolver as questões que o motivaram a procurá-lo. "Caso isso aconteça, cabe a ele recusar-se a realizar o procedimento. O importante é que haja transparência e diálogo para que a melhor solução seja encontrada", esclarece.

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Importância de conversar com o paciente

Independentemente de realizar ou não o procedimento, é importante conversar com o paciente e orientá-lo a procurar ajuda diante de casos como o Transtorno Dismórfico Corporal. "O paciente, muitas vezes, não conhece a anatomia da face. Ele vê nos outros uma mudança na aparência e acredita que aquilo também pode ser feito nele, sendo que cada pessoa deve ser analisada de forma individualizada, segundo suas características físicas", destaca.

De acordo com Thiago, explicar o que pode e o que não deve ser feito é fundamental para que ele entenda o risco desses exageros. "Alinhar expectativas e a realidade evita tanto os exageros quanto a frustração", completa o biomédico.

"Menos é mais"

Na opinião do especialista, o "menos é mais" é o segredo para o sucesso em procedimentos estéticos e tratamentos. Para o biomédico, a ideia não é transformar a aparência do paciente. "Um procedimento bem feito é aquele que ninguém nota que foi feito. As pessoas olham e pensam 'nossa, como fulano está bonito', mas não sabem dizer o que houve de mudança. É um embelezamento sutil e que respeita as características individuais de cada pessoa".

"É claro que cada profissional tem uma linha de trabalho, e cada paciente tem um perfil de demanda diferente. Porém, eu sempre opto por avaliar tecnicamente o que fica esteticamente harmônico em cada caso, e passar isso para o paciente. Tendo consciência do resultado que terá ao insistir em não seguir a recomendação do profissional, é mais fácil o paciente entender e respeitar a orientação", complementa Martins.

Transtorno Dismórfico Corporal

O transtorno dismórfico corporal (TDC) é um quadro no qual a pessoa possui uma preocupação excessiva com o próprio corpo. Muitas vezes, essa preocupação não corresponde a realidade e, geralmente, refere-se a uma parte específica do corpo. "Por exemplo, a pessoa tem uma percepção de que o nariz é muito maior do que realmente é, e ela acredita que todos veem seu nariz como ela vê".

O TDC está muito associado à procura por cirurgias plásticas, procedimentos estéticos e a comportamentos como bulimia e anorexia, isso porque, quem tem esse transtorno pode se enxergar além do peso, mesmo estando extremamente magro.

A causa do TDC não é bem esclarecida, porém, segundo a especialista, ela está, muitas vezes, relacionada ao TOC (transtorno obsessivo compulsivo). "Essa percepção obsessiva, onde o paciente não tem controle sobre isso, ou seja, esse pensamento de inadequação com determinada parte do corpo é muito parecido com o que os pacientes com TOC tem, como por exemplo, o toc de limpeza. Não necessariamente a dismorfia corporal é devido ao TOC, mas esses dois transtornos estão bastante relacionados".

Segundo Ana Paula, o diagnóstico deve ser feito por um médico, normalmente um psiquiatra, ou um psicólogo. Quem sofre com esse transtorno, terá uma preocupação frequente, recorrente e crônica com alguma parte do corpo, causando bastante sofrimento e frustração no paciente a ponto de causar prejuízos a vida social. "É importante frisar a questão desse sofrimento, porque não é toda percepção ou desconforto que temos com nosso corpo que vai ser considerado TDC".

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