Em estudo pioneiro no Brasil, o uso de óleo de cannabis está sendo testado em pessoas diagnosticadas com Alzheimer no Paraná, pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Após 22 meses de acompanhamento, Delci Ruver, de 78 anos, teve reversão dos sintomas. Foram observados melhoras no humor, sono e memória.
Para acessar o produto, os pesquisadores contam com o apoio da Abrace, primeira instituição do país autorizada pela Justiça para cultivar maconha medicinal. Em 2017, Delci passou a usar diariamente 500 microgramas de extrato de cannabis, com maior concentração de THC. Atualmente, ele continua utilizando gotas antes de dormir.
A farmacêutica Ana Carolina Ruver Martins é neta de Delci e começou os estudos com cannabis em pacientes com Parkinson. Em entrevista à Folha de Londrina, a pesquisadora disse que se reuniu com outros cientistas para elaborar um protocolo de pesquisa para pacientes com Alzheimer, diante da progressão da doença no avó.
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"A doença de Alzheimer evolui muito rápido. Em aproximadamente em cinco anos após o diagnóstico, o paciente tem perda cognitiva significativa. Esse dado é importante porque nenhum medicamento convencional disponível hoje é capaz de barrar a progressão da doença, além do fato de não promover uma recuperação da autonomia, como observamos nesse paciente", explicou a farmacêutica à Folha de Londrina.
A pesquisadora destacou que, quando o THC e CBD são combinados, é possível observar efeitos neuroprotetores das substâncias. No segundo semestre de 2021, 28 pacientes com Alzheimer passaram a ser acompanhados para a pesquisa.