Novas descobertas a serem feitas em solo lunar serão viabilizadas por meio de quatro patas e, ainda, magnéticas. Um novo robô criado para substituir os tradicionais rovers, veículo explorador da Nasa que já percorreu a Lua e Marte, irá explorar os terrenos de difícil acesso do satélite natural da Terra, além de ser capaz de saltar como os astronautas fora da órbita terrestre.
A inovação foi apresentada no Europlanet Science Congress, na Suíça, nesta quarta-feira (21/9), e se chama Leap (Contração de Exploração de Pernas do Planalto de Aristarco, em português). Criado por cientistas que compõem o Instituto de Pesquisa do Sistema Solar, na Alemanha, o Leap é inspirado no robô de pernas chamado ANYmal, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Zurich (ETH).
De acordo com Patrick Bambach, que compõe a equipe de desenvolvimento, a invenção foi desenvolvida para responder a um problema identificado pelos cientistas: a dificuldade e até falhas anteriores em explorar uma “região da Lua que é particularmente rica em características geológicas, mas altamente difícil de acessar”, o Planalto de Aristarco.
“Rovers tradicionais permitiram grandes grandes descobertas na Lua e em Marte, mas têm limitações. Explorar terrenos com solo solto, pedregulhos grandes ou declives acima de 15 graus é particularmente desafiador com rodas. Por exemplo, o rover de Marte, Spirit, teve sua missão encerrada quando ficou preso na areia”, pontuou.
Agora, com o robô de quatro pernas, a capacidade se amplia e as dificuldades são mitigadas. Em testes feitos, o Leap conseguiu se mover em diferentes marchas, escalar encostas íngremes, se recuperar em caso de queda e percorrer grandes distâncias em um curto período de tempo.
Além disso, surpreendentemente, o robô aprendeu a saltar por interpretar que o movimento causaria menos gasto de energia e esforço, assim como os astronautas perceberam quando estiveram no satélite natural. Patrick afirma que a habilidade foi desenvolvida porque o robô foi treinado com inteligência artificial que o treina por meio de um aprendizado por reforço.
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O robô é submetido a uma realidade virtual, na qual ele percorre um terreno lunar virtual, especificamente o que os cientistas acreditam ser o planalto de Aristarco. A gravidade e a poeira do local também foram inseridas no simulador.
As habilidades para fomentar a análise do terreno em si também são aprimoradas: cavar canais no solo, virar pedregulhos, coletar amostras e implantar instrumentos científicos são ações que o robô realizou com sucesso nos testes.
“Curiosamente, ANYmal começou a usar um modo de locomoção semelhante ao salto, assim como os astronautas da Apollo – percebendo que pular pode ser mais eficiente em termos energéticos do que caminhar”, compartilhou.
O robô tem abaixo de 100 kg e tem um espaço para carregar instrumentos científicos de até 10kg, como sensores multiespectrais, radar de penetração no solo, gravímetros e outros. “Com o robô, podemos investigar as principais características para estudar a história geológica e a evolução da Lua, como o material ejetado em torno de crateras, locais de impacto recentes e tubos de lava colapsados, onde o material pode não ter sido alterado pelo intemperismo espacial e outros processos”, explica Patrick.
O time de desenvolvimento afirma que está em contato com a Agência Espacial Europeia (ESA) para que o robô seja integrado à próxima missão à Lua, a European Large Logistic Lander (EL3). A exploração está marcada para o fim dos anos 2020.