Astronomia

James Webb: Veja as primeiras imagens de Marte feitas pelo telescópio

As fotos foram captadas no dia 5 de setembro e mostram uma região do hemisfério oriental de Marte

A Agência espacial dos Estados Unidos (Nasa) divulgou nesta segunda-feira (19/9), as primeiras fotos de Marte registradas pelo telescópio espacial James Webb.

As primeiras imagens do Webb de Marte, capturadas pela Near-Infrared Camera (NIRCam), mostram uma região do hemisfério oriental do planeta vermelho em dois comprimentos de onda diferentes, um maior e  outro menor, com 4,3 mícrons e 2,1 mícrons, respectivamente. 

Como Marte está relativamente "perto", ele é um dos objetos mais brilhantes do céu noturno em termos de luz visível e luz infravermelha que o Webb foi projetado para detectar. Por isso, os especialistas precisaram ajustar o brilho extremo de Marte usando exposições muito curtas, medindo apenas parte da luz que atingiu os detectores e aplicando técnicas especiais de análise de dados.

NASA, ESA, CSA, STScI, Heidi Hammel (AURA), Mars JWST/GTO Team - As primeiras imagens de Marte, capturadas pela Near-Infrared Camera (NIRCam) do Webb em 5 de setembro de 2022, revelam propriedades reflexivas e térmicas do planeta com sensibilidade e resolução suficientes para explorar fenômenos localizados.
NASA, ESA, CSA, STScI, Mars JWST/GTO Team - O primeiro espectro infravermelho próximo de Marte de Webb, capturado pelo Espectrógrafo de infravermelho próximo (NIRSpec) em 5 de setembro de 2022, revela propriedades químicas e físicas da superfície e atmosfera de Marte. Os dados são mostrados em branco, com um modelo de melhor ajuste em roxo.

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Entenda as imagens

Duas imagens distintas foram reveladas. A primeira mostra um mapa de referência de superfície do planeta como os anéis da Cratera Huygens, a rocha vulcânica de Syrtis Major, uma das regiões mais escuras de Marte, e o brilho da Bacia de Hellas. Na imagem detalhada, é possível ver as capturas com menor comprimento de onda na parte superior. 

Já a imagem de comprimento de onda mais longo mostra a emissão térmica — ou seja, a luz emitida pelo planeta à medida que perde calor. O brilho da luz de comprimento mais longo (4,3 mícrons) está relacionado à temperatura da superfície e da atmosfera.  

A região mais brilhante do planeta é onde o Sol está quase acima porque geralmente é mais quente e o brilho diminui em direção às regiões polares, que recebem menos luz solar, e menos luz é emitida do hemisfério norte mais frio, que está passando pelo inverno nesta época do ano.

No entanto, os especialistas explicam que a a temperatura não é o único fator que afeta a quantidade de luz de 4,3 mícrons que atinge o Webb com este filtro. "À medida que a luz emitida pelo planeta passa pela atmosfera de Marte, parte é absorvida pelas moléculas de dióxido de carbono (CO 2)", ressaltam. 

De acordo com a Nasa, é possível ver nas imagens a Bacia de Hellas – a maior estrutura de impacto preservada em Marte, que abrange mais de 2.000 quilômetros – de uma forma mais escuras por causa desse efeito de temperaturas. 

“A Bacia de Hellas é uma altitude mais baixa e, portanto, experimenta uma pressão atmosférica mais alta. Essa pressão mais alta leva a uma supressão da emissão térmica nessa faixa de comprimento de onda específica [4,1-4,4 mícrons] devido a um efeito chamado alargamento de pressão", salienta Geronimo Villanueva, que participou da captura das imagens.

Observando a segunda imagem (na galeria acima), é possível ver o espectro de infravermelho que foi obtido pela combinação de medições de todos os seis modos de espectroscopia de alta resolução do Near-Infrared Spectrograph (NIRSpec) do James Webb.

Essa análise preliminar indica um rico conjunto de características espectrais que contêm informações sobre poeira, nuvens geladas, que tipo de rochas estão na superfície de Marte e a composição da atmosfera.

Após essas análises, os pesquisadores vão preparar um estudo detalhado onde vão descriminar mais a fundo os dados espectrais encontrados.

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