A destruição de uma antiga lua de Saturno há cerca de 160 milhões de anos pode ter sido determinante para características marcantes de um dos maiores planetas do Sistema Solar, mostra estudo divulgado na revista Science. A análise de dados coletados pela sonda Cassini e simulações numéricas levaram o grupo, liderado pelo Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, a obter novas explicações sobre o surgimento dos famosos anéis de Saturno e sua curiosa inclinação.
Batizada de Crisálida, a lua ficou instável, entrou no campo de gravidade do planeta e se desintegrou. Alguns pedaços podem ter atingido Saturno. Outros podem ter ficado suspensos em órbita e dado origem aos famosos anéis. Até então, acreditava-se que esses sistemas haviam surgido há menos de 100 milhões de anos. “Assim como a crisálida de uma borboleta, esse satélite estava há muito adormecido. De repente se tornou ativo, e os anéis surgiram”, resume, em nota, Jack Wisdom, professor de ciências planetárias do instituto e principal autor do estudo.
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Segundo os autores, esse mesmo evento também pode explicar a obliquidade de Saturno. Crisálida teria “empurrado” Titã, o maior satélite do planeta, que passou a se deslocar, afetando a inclinação. No início de 2000, cientistas apresentaram a ideia de que o eixo inclinado de Saturno se justificaria pelo fato de o planeta estar em uma associação gravitacional com Netuno.
O novo estudo indica que os dois planetas estiveram em algum momento sincronizados, mas ambos foram liberados pela desintegração de Crisálida. “É uma história muito boa, mas, como qualquer outro resultado, terá que ser examinada por outros”, diz Wisdom, sinalizando a necessidade de novos estudos.