Jornal Correio Braziliense

Risco de maiores prejuízos para idosos

No Centro de Investigação e Pesquisa do Sono (CIRS) da Universidade de Lausanne, na Suíça, pesquisadores encontraram um declínio maior na capacidade de processamento mental durante um período de cinco anos que, segundo eles, está associado à apneia obstrutiva do sono (AOS). Os cientistas, que apresentaram o estudo no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia (ERS), fizeram o estudo com pessoas com 65 anos ou mais da população geral de Lausanne.

Um total de 358 participantes fizeram uma polissonografia para examinar a presença e a gravidade da AOS quando ingressaram no estudo. Entre 2009 e 2013, a capacidade de processamento mental também foi testada, e outra avaliação cognitiva ocorreu cinco anos depois. Os testes avaliaram a função cognitiva global (conhecimento e habilidades de raciocínio), velocidade de processamento (tempo gasto para entender e reagir à informação), função executiva (capacidade de organizar pensamentos e atividades, priorizar tarefas e tomar decisões), memória verbal, linguagem e percepção das relações espaciais entre objetos.

"Descobrimos que a AOS e, em particular, os baixos níveis de oxigênio durante o sono devido à AOS, estavam associados a um maior declínio na função cognitiva global, velocidade de processamento, função executiva e memória verbal", disse Marchi, em nota. "Também descobrimos que pessoas com 74 anos ou mais e homens estavam em maior risco de declínio cognitivo relacionado à apneia do sono em alguns testes cognitivos específicos."

Segundo o geriatra Otávio Castello, fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Alzheimer da regional DF, embora ainda não exista uma prova de que a AOS cause deterioração cognitiva, descobertas científicas cada vez mais frequentes indicam que o distúrbio pode piorar a saúde mental. "Uma pergunta que ainda não está respondida, por exemplo, é se a apneia do sono desencadearia doença de Alzheimer", diz.

De acordo com Castello, a condição provoca, noite após noite, um sono que não restaura. "Isso é muito sério porque submeter alguém a um estado cronicamente de sono não restaurador traz uma série de implicações no funcionamento biológico do indivíduo", diz. "A AOS é um problema de saúde pública e, embora muito importante, é pouco reconhecida e tratada."