O isolamento social de dois anos e o uso das máscaras podem, sim, ser responsáveis por retardar o desenvolvimento cognitivo das crianças. Segundo o neurocientista José Augusto Nasser, "hoje, temos crianças com profundas dificuldades cognitivas. A criança é um ser social: ela aprende com o que vê. As pessoas mascaradas, à sua volta nas escolas e em todos os seus ambientes, trouxeram para ela profundos comprometimentos cognitivos”, afirma.
"Estudo publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) explica que o mascaramento pode impedir a respiração, o que desencadeia uma variedade de outros problemas, incluindo ataques agudos de ansiedade em indivíduos suscetíveis", comenta.
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"Esses danos são ainda mais propensos a ocorrer com crianças, particularmente as menores. A privação de oxigênio pode causar alterações metabólicas e as alterações metabólicas que acontecem nas células neuronais são de vital importância para o funcionamento cognitivo e a plasticidade cerebral, e sabe-se que quando ocorrem mudanças metabólicas drásticas no cérebro, há consequentes alterações de estresse oxidativo (estado oxidativo celular). Esse processo tem um papel significativo no gerenciamento do funcionamento dos neurônios", completa o neurocientista.
O médico cita, ainda, uma pesquisa do Scientific American, que embasa o mesmo raciocínio. “Temos testes cognitivos com resultados muito ruins e as máscaras são as maiores causadoras, segundo esse estudo, pois elas deterioram as falas dos bebês e o desenvolvimento da linguagem. Crianças de até 2 anos, por exemplo, não conseguem atingir 50 palavras em sua comunicação. Isso é um absurdo na história da humanidade.”
Quadros de depressão e suicídio
Mas não foram só crianças as prejudicadas. O isolamento social afetou a saúde mental dos jovens e o neurocientista acredita estarmos diante de um problema igualmente sério. "Os dois anos em casa, isolados, desencadearam sentimentos de melancolia, de menos valia e ideações de morte. De acordo com uma publicação da ABC News - "O Impacto da Pandemia na Saúde Mental" -, 41% dos universitários estavam com depressão e houve o aumento de 65% do índice de suicídio ou pensamentos de mortes em 2021.”
Na observação de José Augusto Nasser, essa parcela jovem da população está anestesiada. “Eles estão sem aquilo que sempre lhes foi característico: a incansabilidade. De repente, o jovem vai perdendo essa energia porque o mundo parou e isso tem uma repercussão psicológica diferente. Muitos não conseguem sair de casa, pois têm medo da doença até hoje. Outros já saem como se o mundo fosse acabar no outro dia e eles têm que aproveitar de qualquer maneira e aí vemos, entre outras coisas, o aumento do consumo de drogas, como também pontua a pesquisa da ABC News, de que um em quatro adolescentes já fizeram uso de drogas em 2021”, diz.