Caminhar entre 3,8 mil e 9,8 mil passos por dia, a um bom ritmo, pode reduzir significativamente o risco de demência, segundo um artigo publicado na revista Jama Neurology. O estudo, realizado com dados de 78 mil pessoas com 40 a 79 anos, foi ajustado para vários fatores, incluindo idade, sexo, etnia, educação, tabagismo, uso de álcool, dieta, utilização de medicamentos, sono e histórico de doença cardiovascular. Várias pesquisas anteriores demonstram uma associação positiva entre a prática regular de atividades físicas e um risco menor de desenvolver Alzheimer e outras doenças que levam à perda progressiva das habilidades cognitivas.
"Nossas descobertas sugerem que aproximadamente 9,8 mil passos por dia podem ser ideais para diminuir o risco de demência", escreveram os pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca, em Odense. Esse hábito foi associado a uma redução de 50% no risco de demências. Porém, quem não consegue andar tanto assim também pode ser beneficiado pelas caminhadas: "Estimamos a dose mínima em aproximadamente 3,8 mil passos por dia, o que foi associado a 25% menos de incidência da demência", afirma o artigo. Uma quantidade de passos maior que 9,8 mil passos não afetou, estatisticamente, a probabilidade de desenvolver declínio cognitivo.
O trabalho é observacional e não aponta uma relação de causa e efeito. Porém, acredita-se que alguns mecanismos podem ajudar a explicar a associação entre se manter ativo e ter menos risco de demência. Hormônios produzidos durante os exercícios, oxigenação melhor do cérebro e menor probabilidade de entupimento das artérias são algumas das razões apontadas por estudos anteriores.
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Melhor cadência
O artigo publicado na Jama destacou a importância da intensidade da marcha para prevenir a demência. De acordo com os pesquisadores, o pico ideal é de 112 passos por minuto por pelo menos meia hora diária (não necessariamente consecutiva). Essa cadência, que pode ser medida por relógios e aplicativos de celular com a função de pedômetro, foi associada a uma redução de 62% de declínio cognitivo.
"Até onde sabemos, não existe nenhum estudo sobre a associação de passos diários e intensidade de passos (ou seja, cadência ou passos por minuto), com incidência da demência", escreveram os autores. "Compreender essa associação é fundamental para determinar o volume e intensidade ideal de passos para a prevenção da demência", concluíram.