A prática de exercícios físicos traz inúmeros benefícios para a saúde do corpo e da mente. É especialmente importante para manter saudável o coração, cujo Dia Mundial é celebrado neste 29 de setembro. Antes de iniciar qualquer atividade regular, porém, é recomendado que a pessoa faça uma avaliação médica para averiguar se vai tudo bem com o órgão e, assim, identificar e eliminar possíveis riscos.
Exames laboratoriais, genéticos e de imagem, além do histórico pessoal e familiar do indivíduo, podem ajudar na orientação adequada à prática de exercícios e auxiliar no diagnóstico de alterações genéticas ou adquiridas, associadas a doenças cardíacas, que podem levar até à morte, como: cardiomiopatia hipertrófica, cardiomiopatia arritmogênica, cardiomiopatia isquêmica, Doença de Chagas, entre outras.
Inúmeros exames genéticos estão disponíveis atualmente para auxiliar o cardiologista a realizar as investigações que considerar pertinentes. “A aplicação da investigação genética nessa área clínica cresceu muito nos últimos anos, principalmente com a realização do sequenciamento do exoma e descoberta de novos genes relacionados a doenças cardíacas”, destaca o diretor técnico do Laboratório Lustosa, Adriano Basques.
De acordo com o especialista, muitas pessoas se tornam esportistas ou até mesmo atletas para auxiliar no tratamento de algum problema de saúde.
E muitas outras descobrem alguma cardiopatia motivadas por sintomas e desconfortos durante a prática de exercícios físicos e, na maior parte das vezes, desconheciam o problema.
A assessora em genômica e genética do Lustosa, Fernanda Soardi, diz que não é raro identificar achados incidentais no exame de exoma relacionados a doenças cardíacas.
“Em muitos casos, o paciente chega ao laboratório para investigar uma suspeita clínica de transtorno do espectro autista (TEA) ou uma predisposição hereditária ao câncer, por exemplo, e acaba surpreendido com um achado de relevância na área de cardiologia e o médico geneticista direciona o paciente para o cardiologista. A identificação precoce de uma condição clínica nessa área favorece o acompanhamento clínico adequado e, em muitos casos, uma abordagem de tratamento ou de acompanhamento laboratorial preventiva”, declara.
Cardiomiopatia hipertrófica
Uma das condições responsáveis por morte súbita em atletas é a cardiomiopatia hipertrófica (CMH), doença com padrão autossômico dominante, não ligado ao sexo, mas com prevalência em homens. As mulheres, quando acometidas, apresentam maior mortalidade. A doença pode ser totalmente assintomática e ser diagnosticada em consultas de check-up ou em pessoas que necessitam de um risco cirúrgico ou liberação para academia e descobrem que o eletrocardiograma está alterado.
Nos casos sintomáticos, os sintomas mais prevalentes são: falta de ar, desmaios (também chamados de síncope e que geralmente podem ocorrer durante ou após esforços físicos), pré-síncope (sensação de quase desmaio), angina (dor no peito que pode ocorrer durante ou após atividade física); palpitações (arritmias com aceleração repentina do coração, durante ou após a atividade física).
De acordo com o cardiologista e médico do esporte Marconi Gomes da Silva, presidente do Grupo de Estudos em Cardiologia do Esporte da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DERC-SBC) e diretor de comunicação da Sociedade Mineira de Cardiologia, o diagnóstico é feito com base na avaliação clínica, anamnese e exame físico, e no resultado de exames de imagem e registro gráfico, principalmente eletrocardiograma (ECG) e ecocardiograma. Mais recentemente, os exames genéticos também têm sido utilizados como apoio ao diagnóstico.
Alguns gatilhos podem desencadear problemas cardiológicos, como: situações que levam a quadros de desidratação, acidose, hipotermia, hipertermia, mudanças súbitas da frequência cardíaca como aquelas que podem ocorrer em esportes de explosão (corridas curtas, provas de natação de curta distância, esportes coletivos que exigem grande demanda em intervalo curto de tempo, por exemplo). “Todas essas situações podem facilitar a ocorrência de isquemia mioca%u0301rdica (dano na perfusão do músculo cardíaco pelas artérias coronárias), desbalanço simpático/vagal (mudanças súbitas e intensas da frequência cardíaca e da pressão arterial), desequilíbrios hidroeletrolíticos (variação significativa da concentração de eletrólitos no sangue, tais como sódio, potássio e magnésio) e, em casos mais graves, a morte súbita”, esclarece o cardiologista.
O maior risco de gravidade, porém, está normalmente relacionado ao histórico de desmaios, morte súbita na família, hipertrofia maciça do coração, taquicardia ventricular não sustentada (TVNS), disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, aneurisma apical e alta carga de fibrose à ressonância cardíaca.
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