Expressões faciais

No útero, bebês reagem a cheiros e sabores de formas distintas

Pesquisadores analisaram como os fetos reagiram aos sabores de cenoura ou couve pouco tempo depois de serem ingeridos pelas mulheres

Correio Braziliense
postado em 23/09/2022 06:00
 (crédito: Durham University/Aston University)
(crédito: Durham University/Aston University)

Cientistas registraram a primeira evidência direta de que os bebês reagem de maneira diferente a vários cheiros e sabores enquanto estão no útero, observando suas expressões faciais. Um estudo liderado pelo Laboratório de Pesquisa Fetal e Neonatal da Universidade de Durham, no Reino Unido, fez exames de ultrassom 4D de 100 grávidas para ver como os fetos respondiam após serem expostos a sabores de alimentos consumidos pelas mães.

Os pesquisadores analisaram como os fetos reagiram aos sabores de cenoura ou couve pouco tempo depois de serem ingeridos pelas mulheres. Os fetos expostos à cenoura mostraram mais respostas de "cara de riso", enquanto aqueles expostos à couve mostraram mais respostas de "cara de choro". As descobertas foram publicadas na revista Psychological Science, e, segundo os autores do artigo, podem aprofundar a compreensão do desenvolvimento dos receptores humanos de paladar e olfato.

A equipe também acredita que o que as mulheres grávidas comem pode influenciar as preferências de gosto dos bebês após o nascimento e, potencialmente, ter implicações para o estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis.

"Achamos que essa exposição repetida a sabores antes do nascimento pode ajudar a estabelecer preferências alimentares depois, o que pode ser importante quando se pensa em mensagens sobre alimentação saudável e o potencial de evitar 'compulsão alimentar' durante o desmame", diz a pesquisadora principal Beyza Ustun, do Laboratório de Pesquisa Fetal e Neonatal do Departamento de Psicologia da Universidade de Durham.

Líquido amniótico

Os seres humanos experimentam o sabor através de uma combinação de sabor e cheiro. Nos fetos, pensa-se que isso pode acontecer através da inalação e ingestão do líquido amniótico no útero. "Vários estudos sugeriram que os bebês podem sentir gosto e cheiro no útero, mas são pesquisas baseadas em resultados pós-parto, enquanto nosso estudo é o primeiro a ver essas reações antes do nascimento", enfatizou Ustun.

Pesquisas anteriores conduzidas pelo grupo sugeriram que as ultrassonografias 4D podem ajudar a monitorar reações fetais e entender como elas respondem aos comportamentos de saúde materna, como o tabagismo."Este último estudo pode ter implicações importantes para entender as primeiras evidências de habilidades fetais para sentir e discriminar diferentes sabores e cheiros dos alimentos ingeridos por suas mães", avaliou a coautora Nadja Reissland, também chefe do Laboratório de Pesquisa Fetal e Neonatal do Departamento de Psicologia da Universidade de Durham.

Na avaliação de Benoist Schaal, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da Universidade da Borgonha, na França, observando as reações faciais dos fetos, pode-se supor que uma série de estímulos químicos passa pela dieta materna para o ambiente fetal. "Isso pode ter implicações importantes para nossa compreensão do desenvolvimento de nossos receptores de paladar e olfato e percepção e memória relacionadas", afirmou o coautor do estudo.

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Bolha de gás quente circula buraco negro

 (crédito:  EHT Collaboration, ESO/M. Kornme)
crédito: EHT Collaboration, ESO/M. Kornme

Astrônomos observaram o aparecimento fugaz de uma bolha de gás circulando o buraco negro da Via Láctea a velocidades surpreendentes. A detecção do objeto, cujo tempo de vida não ultrapassou algumas horas, pode fornecer informações sobre o comportamento dos gigantes invisíveis, cuja força gravitacional é tamanha que nem a luz pode escapar de seu interior. O fenômeno observado por cerca de uma hora e meia permitiu calcular que a bolha de gás fez uma órbita completa do buraco negro (indicada na foto) em apenas 70 minutos, ou seja, a uma velocidade equivalente a 30% à da luz, que viaja 300 mil quilômetros por segundo. A observação foi feita com o telescópio Alma, no Chile, e o resultado foi publicado na revista Astronomy and Astrophysics por pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha.

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