No centro da Via Láctea há um "coração pobre e velho" que deu origem ao grande aglomerado de estrelas e, após 12,5 bilhões de anos, ainda "bate" e se mantém vivo. A descoberta é dos cientistas do Instituto Max Plank de Astronomia, que identificaram uma protogaláxia que originou o grande espiral poderoso que abriga a Terra, o Sistema Solar e outros milhares de sistemas.
Os físicos explicam: uma galáxia da magnitude da Via Láctea não se criou sozinha. Ela se torna de alta magnitude a partir de um movimento de fusão com outras galáxias menores — ou, nas palavras dos astrônomos, um movimento de canibalismo com diversos aglomerados de estrelas.
No entanto, é preciso que uma galáxia comece o movimento e, até então, esse primário conjunto de estrelas estava fora de vista dos astrônomos. Em um estudo publicado pelos cientistas alemães do Instituto Max Plank de Astronomia, em 7 de setembro, o grupo dá as boas novas ao mundo da astronomia: o coração da Via Láctea foi encontrado — e ele está velho e “pobre” em metais.
Por meio de dados obtidos pelo telescópio Gaia, os astrônomos analisaram cerca de 2 milhões de estrelas na região do centro da galáxia, próximo à região da constelação de Sagitário, e identificaram 18 mil estrelas antigas que têm características para serem tão velhas quanto a origem prevista da Via Láctea, de 12,5 bilhões de anos.
“As pessoas especulam há muito tempo que uma população tão vasta (de estrelas antigas) deveria existir no centro da nossa Via Láctea, e Gaia agora mostra que lá estão elas”, diz o astrônomo Hans-Walter Rix, do Instituto Max Planck de Astronomia em Heidelberg, Alemanha.
Para definir se a protogaláxia era a origem da galáxia, os cientistas as analisaram a fundo. O primeiro passo foi avaliar se realmente elas eram estrelas antigas — ordem de objetos estelares extremamente pobres em metais e predominantemente compostas de hidrogênio e hélio, consideradas menos massivas. A resposta foi positiva: as 18 mil estrelas encontradas: possuem menos de 3% da concentração de metal do Sol.
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Outra etapa era confirmar se o conjunto de estrelas era original da Via Láctea ou se pertenciam a outras galáxias menores, que também podem abrigar estrelas com baixo teor de metais. A questão foi solucionada a observar a localização das estrelas — no centro da galáxia — e identificar um processo de rotação diferente das mais novas.
O grupo está no centro galáctico não consegue se mover em rotação junto aos outros objetos estelares, o que revela que ela estava na região antes do surgimento do disco grosso da Via Láctea — o primeiro deles — que fez com que os objetos façam um movimento de rotação em espiral.
No início, a Via Láctea não era uma galáxia em espiral, ela se transformou em uma galáxia de “disco” e, atualmente, gira rapidamente. Só o Sistema Solar em que a Terra está, de acordo com os cientistas, corre por 900 mil quilômetros de espaço a cada hora. Por isso, as estrelas antigas encontradas pelos cientistas, que estavam no começo da galáxia, não conseguem fazer o movimento. Em vez disso, elas “mergulham dentro e fora dos braços da galáxia”.
Além disso, a protogaláxia está no “núcleo” da Via Láctea e continua compacta, o que significa que permaneceu intacta desde o início do movimento de crescimento. Ela provavelmente se chocou com uma galáxia e depois parou de se chocar com outras.
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