Sexto planeta do Sistema Solar, Saturno pode deixar de ser conhecido, prioritariamente, pelos anéis densos que o envolve para ter a fama de ter uma lua que pode ser o primeiro local fora da Terra a ter vida. De acordo com cientistas do Southwest Research Institute, a lua Enceládo abriga condições perfeitas para abrigar organismos vivos. A descoberta foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, na segunda-feira (19/9).
A constatação ocorreu após os cientistas conseguirem encontrar indícios de que o oceano que a lua abriga está repleto de fósforo. O elemento é um dos cinco necessários para a vida e era o único que os cientistas não haviam, até então, identificado no satélite natural. Os outros quatro — hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio — já haviam sido encontrados.
A partir de dados obtidos pela missão Cassini-Huygens, da Nasa, que lançou um satélite que orbitou Saturno e as luas dele por mais de 19 anos, a ciência já havia identificado, nas plumas que envolve Enceládo, a presença de gelos de amônia e metano, o que indica nitrogênio e carbono vindo do oceano da lua. Hidrogênio molecular também haviam sido identificados.
“Nos anos desde que a espaçonave Cassini, da Nasa, visitou o sistema de Saturno, ficamos repetidamente impressionados com as descobertas possibilitadas pelos dados coletados. O que aprendemos é que a pluma contém quase todos os requisitos básicos da vida como a conhecemos”, explicou Christopher R. Glein, autor sênior do estudo. O fósforo, no entanto, não foi encontrado.
"O fósforo é essencial e sua disponibilidade muitas vezes é um fator limitante para a produtividade biológica", acrescentou. Para encontrar o último elemento, os cientistas olharam diretamente para o oceano de Enceládo e perceberam que a tração da água com as rochas poderia provocar um processo químico que dissemina o fósforo para dentro do oceano, como se fosse uma mistura de um pó de café solúvel em água fervente para produzir café.
Para verificar a validade da hipótese, os cientistas utilizaram um processo chamado modelagem geoquímica, especificamente a termodinâmica e cinética. O processo consistiu na modelação das interações entre o núcleo rochoso da lua e o oceano para determinar se os minerais de fosfato nas rochas seriam liberados no oceano.
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A análise resultou na descoberta de que a temperatura, pressão e acidez do ambiente de Enceládo eram adequadas para tornar os fosfatos em elementos solúveis que se misturariam com a água do oceano — o formato do fósforo seria a de ortofosfato.
“A geoquímica subjacente tem uma simplicidade elegante que torna inevitável a presença de fósforo dissolvido, atingindo níveis próximos ou até superiores aos da água do mar da Terra moderna”, disse Glein.
Os cientistas modelaram as interações entre o núcleo e o oceano acima para determinar se os minerais de fosfato nas rochas seriam liberados no oceano. Eles descobriram que a temperatura, a pressão e a acidez eram adequadas para tornar os fosfatos particularmente solúveis, predominantemente na forma de ortofosfato (PO43-)
A presença do fosfato não significa, necessariamente, que há vida atualmente nas profundezas do oceano de Enceládo, mas afirma que o grande lago gelado pode ser habitável — “provavelmente poderíamos semear nele se quiséssemos”.
Agora, os astrobiólogos esperam uma nova missão para oficializar o que eles já acreditam. Precisamos voltar a Encélado para ver se um oceano habitável é realmente habitado”, pontua Glein.
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