Astronomia

Partículas de alta energia colocam em risco satélites e aviões

Nova pesquisa indicou como essas partículas surgem e como prever quando explosões delas vão acontecer no espaço

Camilla Germano
postado em 13/09/2022 15:39 / atualizado em 13/09/2022 15:39
Os campos magnéticos na atmosfera externa do Sol podem acelerar íons e elétrons até velocidades próximas à velocidade da luz -  (crédito: ESA-D. Ducros)
Os campos magnéticos na atmosfera externa do Sol podem acelerar íons e elétrons até velocidades próximas à velocidade da luz - (crédito: ESA-D. Ducros)

Um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, pode ter encontrado a resposta para uma pergunta que é investigada há 70 anos: como acontecem as explosões de partículas de alta energia no espaço?

Essas explosões ou "surtos", ocorrem em momentos imprevisíveis e as partículas de alta energia podem bombardear a Terra e objetos fora da atmosfera terrestre com radiação, colocando em risco a vida de astronautas e podendo destruir satélites. Segundo o estudo, esses "surtos" podem desencadear chuvas de radiação fortes o suficiente para atingir passageiros em aviões que sobrevoam o Polo Norte.

A partir dessas questões e em busca de respostas, os pesquisadores da Universidade conseguiram simular — usando um supercomputador — quando e como partículas de alta energia nascem em ambientes turbulentos como na atmosfera do Sol assim prevendo tais surtos.

Essas simulações imitam as condições atmosféricas do Sol e fornecem os dados mais extensos coletados até o momento sobre como e quando as partículas de alta energia se formarão.

“Esta nova e empolgante pesquisa nos permitirá prever melhor a origem das partículas energéticas solares e melhorar os modelos de previsão de eventos climáticos espaciais, um objetivo fundamental da NASA e de outras agências espaciais e governos em todo o mundo”, ressalta Luca Comisso, um dos autores da pesquisa. A pesquisa foi realizada com o apoio da Agência Espacial estadunidense (NASA) e da National Science Foundation.

De acordo com o texto, há muitos anos, os cientistas acreditam que a o plasma do Sol gera partículas de alta energia, apesar de não conseguirem provar.

Os campos magnéticos na atmosfera externa do Sol podem acelerar íons e elétrons até velocidades próximas à velocidade da luz. O Sol e a atmosfera externa de outras estrelas consistem em partículas em estado de plasma, um estado altamente turbulento distinto dos estados líquido, gasoso e sólido.

Para os especialistas, o texto pode ajudar outras áreas da astronomia porque partículas energéticas podem ser observadas não apenas ao redor do Sol, mas também em outros ambientes do universo, como nos arredores de buracos negros e estrelas de nêutrons.

"Nossos resultados estão centrados no Sol, mas também podem ser vistos como um ponto de partida para entender melhor como as partículas de alta energia são produzidas em estrelas mais distantes e em torno de buracos negros”, afirma Comisso. “Nós apenas arranhamos a superfície do que as simulações de supercomputadores podem nos dizer sobre como essas partículas nascem em todo o universo", salienta também.

Os resultados encontrados foram publicados na revista científica The Astrophysical Journal Letters nesta terça-feira (13/9).

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação