Erupções vulcânicas estão ligadas à extinção de dinossauros

Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) relata que a atividade vulcânica parece ter sido o principal fator de extinção desses grandes répteis

Correio Braziliense

postado em 13/09/2022 06:00

(crédito: Brenhin Keller/Divulgação )

Determinar o que matou os dinossauros há 66 milhões de anos, no fim do período cretáceo, tem sido tema de debate entre cientistas. Alguns argumentam que cometas ou asteroides que colidiram com a Terra foram os agentes mais prováveis da destruição em massa, enquanto outros argumentam que grandes erupções vulcânicas foram a causa. Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) relata que a atividade vulcânica parece ter sido o principal fator de extinção desses grandes répteis.

A equipe da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos, baseou-se em três conjuntos de dados sobre escala de tempo geológico, paleobiologia e grandes províncias ígneas — extensas regiões de rocha ígnea em forma de degraus, solidificadas da lava em erupção. O derramamento vulcânico deixa para trás impressões digitais gigantes como evidências de eventos passados.

"As grandes áreas de rocha ígnea dessas grandes erupções vulcânicas parecem se alinhar no tempo com extinções em massa e outros eventos climáticos e ambientais significativos", diz o principal autor, Theodore Green, que conduziu a pesquisa. De acordo com ele, na época do fim dos dinossauros o vulcanismo abalou o subcontinente indiano, criando o que hoje é conhecido como o planalto do Decão. Isso, assim como o ataque de asteroides, teria efeitos globais de longo alcance, cobrindo a atmosfera de poeira e fumaça tóxica, asfixiando os grandes répteis e outras formas de vida, além de alterar o clima em escalas de tempo longas.

Causalidade

No estudo, Green se propôs a encontrar uma maneira de quantificar a aparente ligação entre erupções e extinções e testar se a coincidência era apenas um acaso ou se havia evidências de uma relação causal entre os dois. Com a ajuda de supercomputadores, os pesquisadores compararam as melhores estimativas disponíveis de erupções de basalto de inundação com períodos de extermínio drástico de espécies na escala de tempo geológica, incluindo, mas não se limitando, às cinco extinções em massa.

Para provar que o momento era mais do que uma chance ao acaso, eles investigaram se as erupções se alinhariam tão bem com um padrão gerado aleatoriamente e repetiram o teste com 100 milhões desses padrões. Os cientistas descobriram que a concordância da atividade vulcânica com os períodos de extinção era muito maior do que uma relação acidental.

Alerta

"Embora seja difícil determinar se uma explosão vulcânica específica causou uma extinção em massa especifica, nossos resultados tornam difícil ignorar o papel do vulcanismo na extinção", diz Brenhin Keller, coautor. "Nossos resultados indicam que muito provavelmente teria havido uma extinção em massa no limite terciário do Cretáceo de magnitude significativa, independentemente de ter havido ou não um impacto com asteroides, o que pode ser mostrado de forma mais quantitativa agora. O fato de que houve um impacto (testemunhado por uma grande cratera em Yucatán, no México), sem dúvida, piorou as coisas."

Os cientistas observam que os resultados deixam uma lição para um mundo cada vez mais exposto a emissões de dióxido de carbono, liberados durante as atividades vulcânicas passadas associadas a extinções. "Embora a quantidade total de dióxido de carbono liberada na atmosfera nas mudanças climáticas modernas ainda seja muito menor do que a quantidade emitida por uma grande província ígnea, estamos emitindo muito rápido, o que é motivo de preocupação", diz Keller.