Um time internacional de paleontologistas encontrou o fóssil de dinossauro mais antigo do continente africano. O animal de pescoço longo nomeado de Mbiresaurus raathi tinha aproximadamente 1,80m de altura e um rabo gigante.
O esqueleto do dinossauro foi encontrado ao longo de duas escavações entre 2017 e 2019. Os pesquisadores encontraram apenas parte da mão e do crânio do Mbiresaurus no norte do Zimbábue. Estima-se que o peso dele variava entre 9kg e 29kg, aproximadamente (de 20 a 65 libras).
"Os primeiros dinossauros, como o Mbiresaurus raathi, mostram que a evolução inicial dos dinossauros ainda está sendo escrita a cada nova descoberta e a ascensão dos dinossauros foi muito mais complicada do que o previsto anteriormente”, explica Sterling Nesbitt, um dos autores do estudo.
O Mbiresaurus, do nome dado à espécie, é derivado de Shona e raízes gregas antigas. Mbire é o nome do distrito onde o animal foi encontrado e também é o nome de uma dinastia histórica Shona que governou a região. Já o nome raathi é em homenagem a Michael Raath, um paleontólogo que primeiro relatou fósseis no norte do Zimbábue.
O animal ostentava, ainda, dentes pequenos serrilhados em formato de triângulo, o que pode sugerir que era um herbívoro ou potencialmente onívoro. Além disso, as descobertas sugerem que o dinossauro ficava em pé em duas patas e tinha a cabeça relativamente pequena.
Ao lado do Mbiresaurus raathi, foram encontradas ainda uma variedade de fósseis da idade Carniana, incluindo um dinossauro herrerassaurídeo, parentes de mamíferos primitivos como cinodontes, parentes de crocodilianos blindados como aetossauros. Segundo relatos do pesquisador Christopher Griffin, que também participou do estudo, os fósseis encontrados eram de "répteis arcaicos e bizarros" conhecidos como rincossauros.
As descobertas dos especialistas foram reportadas na revista científica Nature nesta quarta-feira (31/8).
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Novas teorias
A descoberta do dinossauro pode sustentar teoria da migração dos animais. Sabe-se que a África fez parte do supercontinente chamado Pangeia e que o clima nele teria sido dividido em cinturões latitudinais úmidos e áridos, com cinturões mais temperados abrangendo latitudes mais altas e desertos intensos nos trópicos inferiores da Pangeia.
Segundo os pesquisadores, essas condições climáticas influenciavam a e restringiam a distribuição de animais em todo o continente. Portanto, esses primeiros dinossauros foram restritos por faixas climáticas ao sul da Pangeia e só mais tarde em sua história se dispersaram pelo mundo.
Para provar a teoria, os pesquisadores desenvolveram um novo método de dados para testar essa hipótese de barreiras de dispersão climática com base na geografia antiga e na árvore genealógica dos dinossauros. A quebra dessas barreiras e uma onda de dispersão para o norte coincidiram com um período de intensa umidade mundial e, depois disso, as barreiras voltaram, ancorando os dinossauros agora em todo o mundo em suas províncias distintas em Pangeia pelo restante do Período Triássico, de acordo com a equipe de especialistas.
“Esta abordagem dupla combina trabalho de campo preditivo baseado em hipóteses com métodos estatísticos para apoiar independentemente a hipótese de que os primeiros dinossauros foram restritos pelo clima a apenas algumas áreas do globo”, aponta Griffin.
"Esta é a primeira vez que esses dados geoquímicos e fósseis foram apoiados usando apenas a história evolutiva e as relações entre diferentes espécies de dinossauros, o que é muito emocionante", explica Brenen Wynd, que contribuiu com a construção do modelo de dados.
Atualmente, grande parte do Mbiresaurus está sendo mantido Na Univerisidade Virginia Tech, nos Estados Unidos, enquanto o esqueleto é limpo e estudado. Após o término das pesquisas, todo o esqueleto e os fósseis adicionais encontrados serão mantidos permanentemente no Museu de História Natural do Zimbábue na cidade de Bulawayo.
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