Biologia

Amebas recebem ajuda de bactérias para se proteger contra vírus; entenda

Os microbiólogos do estudo estudavam como as infecções virais afetam o organismo quando as amebas eram infectadas também com clamídia

Correio Braziliense
postado em 30/08/2022 12:33 / atualizado em 30/08/2022 12:34
 (crédito: Patrick Arthofer)
(crédito: Patrick Arthofer)

Um time de pesquisadores do Centro de Microbiologia e Ciência de Sistemas Ambientais da Universidade de Viena, Áustria, identificou que bactérias podem ajudar amebas durante infecções.

As bactérias intracelulares conhecidas como simbiontes são capazes de proteger seu hospedeiro contra vírus. Além disso, o novo estudo sugere que a interação entre simbiontes e vírus influencia o fluxo de nutrientes nos ecossistemas. As amebas são protistas, ou seja, microrganismos unicelulares com núcleo celular e desempenham um papel fundamental nas teias alimentares e nos processos ecossistêmicos

Na pesquisa, os microbiologistas estudavam como as infecções virais afetavam o corpo quando amebas eram infectadas, simultaneamente, com clamídia. "Como, de acordo com o conhecimento atual, a infecção por clamídia leva a uma taxa de crescimento mais lenta do hospedeiro infectado, as clamídias são comumente consideradas parasitas", explica Patrick Arthofer, um dos autores do estudo.

No entanto, a pesquisa mostra que as clamídias são na verdade mutualistas e não parasitas. "Elas protegem os protistas contra infecções letais por vírus gigantes. Afinal, um crescimento mais lento é melhor do que morrer", aponta Arthofer.

Os resultados foram reportados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) na segunda-feira (29/8).

  • A imagem mostra como uma infecção por vírus gigante (hexágono laranja) faz com que a ameba produza partículas de vírus até que a célula hospedeira estoure e assim morra. Se a ameba estiver infectada com um simbionte bacteriano (círculos turquesa), o vírus pode entrar na ameba, mas o simbionte o bloqueia e a ameba sobrevive. Patrick Arthofer
  • A imagem mostra amebas infectadas simultaneamente com o vírus de viena (pela primeira vez isolado neste estudo e, portanto, nomeado pela equipe de pesquisa) e o simbionte bacteriano. Na imagem, as amebas são mostradas em magenta, seus simbiontes em ciano e o dna em amarelo. As estruturas amarelas maiores são as fábricas de vírus, que ainda estão em fase inicial aqui e não podem produzir vírus infecciosos. Patrick Arthofer

Segundo os pesquisadores a interação da bactéria com os vírus gigantes dentro da ameba não traz consequências apenas para o próprio hospedeiro. "Nosso estudo mostra que a presença da clamídia não impede que o vírus seja absorvido. No entanto, os vírus subsequentemente não podem formar uma fábrica de vírus funcional", complementa Matthias Horn, que também assina o estudo.

"Se as clamídias protegem os protistas de serem destruídos por vírus, eles não estão apenas garantindo que seus hospedeiros continuem sendo uma fonte de alimento para pequenos animais. Além disso, os simbiontes bacterianos podem influenciar todo o ciclo de nutrientes nos ecossistemas", aponta Arthofer.

Para Horn, outras pesquisas pretendem investigar o mecanismo por trás da proteção mediada por bactérias de protistas contra vírus gigantes.

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