Exploração Espacial

Inédito: telescópio James Webb encontra CO2 na atmosfera de exoplaneta

O WASP-96b, exoplaneta gasoso e com temperatura de 900°C, já vinha sendo analisado pelo supertelescópio da Nasa desde o lançamento

Camilla Germano
postado em 25/08/2022 13:07 / atualizado em 25/08/2022 13:19
Concepção artística mostra como poderia ser o exoplaneta WASP-39b, com base na compreensão atual do planeta.   -  (crédito: NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted)
Concepção artística mostra como poderia ser o exoplaneta WASP-39b, com base na compreensão atual do planeta. - (crédito: NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted)

O Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) da NASA capturou a primeira evidência clara de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera de um planeta fora do sistema solar, os chamados exoplanetas. O WASP-96b já havia sido observado outras vezes pelos especialistas do Webb e agora exemplifica possíveis novas atribuições do telescópio.

O WASP-96b é um planeta gasoso quente com uma massa equivalente, aproximadamente, a um quarto da massa e um diâmetro 1,3 vezes maior que Júpiter. A temperatura no exoplaneta é de 900°C.

Ao contrário de outros planetas gigantes gasosos mais frios e compactos do nosso sistema solar, o WASP-39 b orbita muito perto da sua estrela — cerca de um oitavo da distância entre o Sol e Mercúrio — e completa um circuito em pouco mais de quatro dias terrestres.

Veja os dados encontrados:

  • Um espectro de transmissão do exoplaneta gigante de gás quente WASP-39 b capturado pelo Near-Infrared Spectrograph (NIRSpec) do JWST em 10 de julho de 2022, revela a primeira evidência clara de dióxido de carbono em um planeta fora do sistema solar. NASA, ESA, CSA, Leah Hustak (STScI), Joseph Olmsted (STScI)
  • Uma série de curvas de luz do Near-Infrared Spectrograph (NIRSpec) do telescópio James Webb mostra a mudança no brilho de três diferentes comprimentos de onda (cores) da luz do sistema estelar WASP-39 ao longo do tempo, à medida que o planeta transitava pela estrela em 10 de julho de 2022. NASA, ESA, CSA e L. Hustak (STScI); Ciência: A equipe científica de lançamento antecipado da comunidade de exoplanetas em trânsito JWST
  • Esta ilustração mostra como poderia ser o exoplaneta WASP-39b, com base na compreensão atual do planeta. NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted

Usando o espectrógrafo de infravermelho próximo da Webb (NIRSpec), os especialistas identificaram a primeira evidência clara e detalhada de dióxido de carbono já detectada em um planeta fora do sistema solar.

O dióxido de carbono é um componente importante das atmosferas dos planetas do nosso sistema solar, encontrado em rochosos, como Marte e Vênus, bem como gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno.

“Observações anteriores deste planeta com Hubble e Spitzer nos deram pistas tentadoras de que o dióxido de carbono pode estar presente. Os dados do JWST mostraram uma característica inequívoca de dióxido de carbono que era tão proeminente e que praticamente gritava conosco", explica Natalie Batalha, professora de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e que liderou a equipe que fez a descoberta.

Para os especialistas, entender a composição da atmosfera de um planeta é importante para explicar sobre a origem do planeta e como ele evoluiu. "Medindo essa característica de dióxido de carbono, podemos determinar quanto sólido versus quanto material gasoso foi usado para formar este planeta gigante gasoso. Na próxima década, o JWST fará essa medição para uma variedade de planetas, fornecendo informações sobre os detalhes de como os planetas se formam e a singularidade do nosso próprio sistema solar", garante Mike Line, da Arizona State University e que também participou da descoberta.

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